PF investiga compra de votos
A Polícia Federal (PF) de Ilhéus vai intimar a depor todos os envolvidos no esquema de compra de votos nas eleições de Itajuípe, no Sul do estado. A delegada Lívia Drumond pretende analisar, a partir de hoje, as gravações que flagraram o crime eleitoral no distrito de União Queimada e, em seguida, vai abrir inquérito para investigar o caso. O esquema de compra de votos, que envolveu os deputados eleitos pelo PDT Félix Júnior (federal) e Paulo Câmera (estadual), além do ex-prefeito de Itajuípe Paulo Martinho, foi denunciado pelo CORREIO no último dia 13.
As gravações feitas com uma câmera escondida mostram que partidários dos dois candidatos compraram dezenas de votos de moradores por R$ 50 cada.
A delegada disse que vai ouvir não só os políticos, mas também os responsáveis por agenciar, fiscalizar e pagar os eleitores. São eles: Reinaldo Félix, o Nadinho, Orlandy Santos Almeida, o Taffarel (foto), e uma mulher identificada como Shirlei. Todos os eleitores aliciados, acusados de venderem os votos, e que assinam uma lista com 30 nomes também serão convocados a depor.
Filmagens “Quem aparece na gravação vai ser identificado e chamado para ser ouvido”, garantiu Lívia Drumond. As mais de seis horas de filmagens serão ainda encaminhadas para perícia na capital baiana.
As provas materiais, diz a delegada, podem fazer a diferença em apenas mais uma das diversas denúncias de compra de votos na região. “Toda eleição chega muita coisa pra gente. Muita denúncia por compra de votos. Mas dessa vez temos uma prova”.
Nos vídeos, Tafarel aparece pagando eleitores e apontando em quais candidatos as pessoas deveriam votar em troca do dinheiro. “É esse aqui, ó. É 12.580 Paulo Câmera e 1.234 Félix Júnior”, ensina ele em uma das cenas. “Aqui cada um consegue dois votos. Eu dou R$ 50 pra votar e ele consegue um da família”, acrescentou ele.
negociação Nadinho usou a sua própria casa como local de negociação e pagamento dos votos. “Foi passado pra mim 30 pessoas pra ‘trabalhar’. Pagar R$ 50 hoje após encerrar a votação. Tô aqui com a numeração de todos os títulos. É trabalho sério. O investimento do deputado é alto”, afirmou.
A todo momento, os envolvidos apontam “Dr. Paulo” (Paulo Martinho) como peça-chave.
A todo momento, os envolvidos apontam “Dr. Paulo” (Paulo Martinho) como peça-chave.
O esquema deu frutos. No Boletim de Urna da 68ª seção eleitoral, a única de União Queimada, os dois candidatos foram disparados os mais votados. Félix com 98 votos e Câmera com 53. “Fomos os mais bem votados. Sinal que trabalhamos certinho”, afirma Nadinho nas gravações. Os eleitores comemoraram. “Fico feliz. Em 2012 tamos aí”.
Se comprovado o envolvimento dos políticos citados, eles poderão ter seus mandatos cassados, além de cumprirem pena de quatro anos de reclusão por crimes de corrupção e boca de urna, previstos no Código Eleitoral.
Para o procurador regional eleitoral, Sidney Madruga, as filmagens não deixam dúvidas quanto ao envolvimento de Nadinho e Tafarel. Quanto à participação dos deputados e do ex-prefeito, afirma que só poderá ser confirmada depois de uma investigação mais profunda.
Eleitos evitam falar sobre as acusações
Os deputados eleitos Félix Júnior e Paulo Câmera preferiram não comentar sobre os esclarecimentos que terão de prestar à polícia sobre acusações de compra de votos. Câmera disse que sequer analisou as imagens em que partidários seus aparecem citando seu nome como um dos responsáveis pela compra dos eleitores. “Vou esperar os procedimentos legais. Tomei conhecimento disso pelo CORREIO. Por meio de sua assessoria, Félix Júnior informou que “aguarda com tranquilidade a convocação da polícia”. Adiantou que insistirá na versão de que as gravações não passam de uma armação de adversários políticos.
Os deputados eleitos Félix Júnior e Paulo Câmera preferiram não comentar sobre os esclarecimentos que terão de prestar à polícia sobre acusações de compra de votos. Câmera disse que sequer analisou as imagens em que partidários seus aparecem citando seu nome como um dos responsáveis pela compra dos eleitores. “Vou esperar os procedimentos legais. Tomei conhecimento disso pelo CORREIO. Por meio de sua assessoria, Félix Júnior informou que “aguarda com tranquilidade a convocação da polícia”. Adiantou que insistirá na versão de que as gravações não passam de uma armação de adversários políticos.
Procurador estranha a demora da PF
Ao saber da demora para instauração do inquérito que já teria sido enviado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no dia 13 deste mês, o procurador regional eleitoral, Sidney Pessoa Madruga da Silva, se mostrou surpreso com o atraso. “Um caso grave como esse? O inquérito já era para ter sido instaurado há muito tempo. Vou cobrar da Polícia Federal explicações sobre isso”. Segundo Madruga, esses casos rumorosos teriam que ser priorizados. “É realmente estranha essa demora”.
Ao saber da demora para instauração do inquérito que já teria sido enviado pelo Ministério Público Estadual (MPE) no dia 13 deste mês, o procurador regional eleitoral, Sidney Pessoa Madruga da Silva, se mostrou surpreso com o atraso. “Um caso grave como esse? O inquérito já era para ter sido instaurado há muito tempo. Vou cobrar da Polícia Federal explicações sobre isso”. Segundo Madruga, esses casos rumorosos teriam que ser priorizados. “É realmente estranha essa demora”.
Ele informou que, enquanto a PF investiga e ouve os envolvidos, o MPE pode pedir novas diligências. Se condenados, embora não haja mais tempo para terem as candidaturas impugnadas, nas próximas eleições eles já responderiam de acordo com a nova Lei da Ficha Limpa, o que os impede de se eleger pelos próximos oito anos.
Fonte: O Correio da Bahia
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