domingo, 14 de abril de 2013


alhos & bugalhos de Domingo

FORTE, MAS NEM TANTO…

Walmir Rosário
A célebre frase dita pelo engenheiro militar, jornalista e escritor Euclides da Cunha, afirmando que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte” não tem sido levada ao pé-da-letra pelas nossas maiores autoridades.
Para eles, o nordestino teria o dom da ressurreição ou da imortalidade. Certo que alguns nordestinos ostentaram e ostentam o título de imortal, concedido por algumas academias, inclusive a conceituada Academia Brasileira de Letras.
Talvez, quem sabe, vendo a longevidade do ex-tudo José Sarney, maranhense, e, portanto, nordestino, esse povo de Brasília confunda a assertiva de Euclides da Cunha lá em Canudos.
Essa confusão tem criado sérios problemas para os nordestinos que teimam em viver no polígono da seca (se é que ali se vive). De fome e de sede eles não morrerão, acreditam aquela gente que se instala na presidência da República.
Mas não é assim que a banda toca e a cada dia presenciamos o tratamento desigual proporcionado aos nordestinos. Mas se eles já ganham o Bolsa-família, que querem mais? Devem perguntar.
No balaio de bondade distribuído pela presidenta Dilma Rousseff para os nordestinos está a prorrogação das dívidas com os bancos, como se bastasse na próxima chuva “chover em abundância rios de leite e ribanceiras de cuscuz”.
Não é bem assim, dona Dilma, falta água para beber, tanto para as pessoas (gente, mesmo…) e os animais, que já foram considerados pelo ministro Rogério Magri (portanto de Brasília) seres humanos.
Falta comida, pois as plantações têm sido perdidas há anos, e agora nem mesmo semente existe para ser plantada. O nordestino pode ser um forte, mas, com fome é difícil lutar. O nordestino também sente muita piedade e dor profunda de ver seus animais morrendo de fome, de sede.
E sabe o motivo, presidenta: Porque desde que Dom Pedro (os dois) eram monarcas que prometem acabar com a seca no Nordeste. E essas promessas passaram a ser feitas pelos presidentes desde que o império ruiu.
Se grande parte da criação morreu (gado, animais de monta e serviço, aves, etc.) foi por falta de ração, do simples milho que a Conab não teve a competência de transportar.
Mas a culpa é creditada na simples licitação para o transporte. Como os nordestinos não encontram o amparo da Fifa para a copa do mundo de 2014, o jeito é esperar, mesmo no leito de morte, a ajuda chegar.
Tivesse o apadrinhamento da Fifa, não precisaria licitação, como para construir e reformar estádios, aeroportos, dentre outros equipamentos para mostrarmos aos gringos a partir da copa das confederações.
Mas não se avexe, não, presidenta Dilma, que os nordestinos que morrerem de fome alguns sequer farão parte das estatísticas oficiais, por falta, inclusive de documentação. Muitos, sequer, possuem certidão de nascimento, para serem considerados brasileiros, nossos conterrâneos.
E tem mais, a seca até que tem seu lado bom. Sim, nossa imprensa vai lá conversa com dois ou três, filma e fotografa a miséria. E o nordestino aparece no Jornal Nacional e nas redes nacionais. Com dignidade, é bom que se diga.
Resignado, pede a Deus que mande chuva, mostra a criação morta ou desfalecendo, sua agonia que não acaba. Entra ano e sai ano, a necessidade é a mesma: água, só água para animais e vegetais.
E, em Brasília, as providências são adotadas com todas as pompas, sempre dois ou três anos após a necessidade, mas é assim mesmo. Os técnicos do governo têm de planejar com rigor, com base no banco de dados existente, para não fugir das técnicas rigorosas da economia e administração.
De repente, governos acompanham a presidenta e anunciam os programas que deverá ser disponibilizados e executados. Bonitos, bem feitos, com competência para solucionar todos os problemas do mundo.
Mas aí tem outro porém: como quem planeja não executa, surgem as dúvidas de como suprir a falta de documentação, a capacidade de contratação, a dificuldade do fiel cumprimento dos termos do contrato.
O governo (Brasília) diz que fez sua parte, destinando o dinheiro; o governo (bancos oficiais) diz que há recursos disponíveis, mas que não pode executar por falta das condições legais. “Como posso colocar dinheiro bom em coisa ruim”.
Ora, ruim é quem aufere lucro com a seca e não o nordestino que trabalha dia e noite para plantar e colher sua safra, criar seus bodes, carneiros e bois, produzir leite e carne, embora não tenha comida para oferecê-los no período da seca.
Como sempre o governo chega tarde na hora da ajuda. Para reparar esse erro, chega cedo antes da eleição, pede votos, garante que o Bolsa-família não vai acabar, desde que o nordestino vote neles.
Novas promessas são feitas. Como o nordestino, homem simples, acredita nos milagres de Deus e dos seus santos, porque não acreditar nos milagres prometidos pelos homens.
Ele empenha a palavra e honra votando neles. Eles, eleitos, nem sempre podem fazer o que prometeram. Problemas de governo, de burocracia que costuma emperrar os processos. “Nossa parte já foi feita”, mostram na televisão.
E o nordestino não tem a quem reclamar. Nem mesmo de Euclides da Cunha, que não se encontra mais entre nós para explicar o objetivo de sua frase, dita em outro contexto.
É assim que a banda toca! Jornalista, advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br


O SENTIMENTO QUE CONTAGIA O GOVEno

O que acontece com o Palácio Paranaguá? Foto: José Nazal
Do Jornal Bahia Online
O sentimento de que estava tudo abandonado, exaustivamente utilizado por Jabes Ribeiro quando candidato a prefeito de Ilhéus é insistentemente mantido, agora, em sua administração.
A diferença é que àquela época o apelo fazia efeito por que ele era candidato. Agora, é prefeito.
Era estilingue. Agora é vidraça.
A estratégia usada pelo prefeito Jabes Ribeiro em falar em público mais em crise do que em solução tem desagradado até membros importantes da sua equipe. O problema é que eles não têm coragem de usar da sinceridade com o chefe e trabalhar por sua mudança de comportamento.
Pior ainda é quando se percebe que a “depressão” termina contagiando a quem está cheio de sonhos, mesmo diante das dificuldades (grandes, por sinal) encontradas.
Uma enquete feita pelo co-irmão Pimenta – bom que se frize que nela não existe nenhuma base científica – em 100 dias de governo Jabes consegue a façanha de ser desaprovado por 69 entre cada 100 moradores de Ilhéus que utilizaram a ferramenta para dar a sua opinião. É um desgaste maior que o prefeito de Itabuna, o novato e inexperiente gestor Claudevane Leite.
Jabes em seu quarto mandato pouco sorri nos eventos públicos. Jabes mal cumprimenta as pessoas. Jabes dá passos curtos, olha para baixo, quando olha para os lados olha sem sonhos, não acena para o futuro com a mesma determinação que levantava os braços durante a campanha eleitoral e acenava para o povo cheio de solução e de amor para dar.
Jabes, convenhamos, não é o Jabes dos outros governos, é o que diz a maioria das pessoas.
E esse governo de nem de longe parece ser um governo de Jabes, é uma frase que se ouve permanentemente.
A prova deste sentimento é a campanha institucional do IPTU.
“Vamos Reconstruir Ilhéus” nada mais é do que a construção de uma comunicação institucional negativa, perigosa, ruim, fraca.
Esperava-se da primeira grande campanha do governo, um ar de otimismo tão esperado pela população que o elegeu. Esperava-se o “andar pra frente” sem a sensação de que o freio de mão continua puxado.
Não precisa um bom especialista em marketing para decifrar esta mensagem e este sentimento de vazio que a campanha proporciona.
Basta perguntar ao cidadão comum: você paga imposto para morrer ou para sonhar?
Se é para sonhar, existem temas muito mais interessantes do que as ruínas encontradas.

Por hoje é só. Vou guardar a tesoura, agulha e a linha.
Vou bater o martelo... Ponto Final. (Redação: o Bolso do Alfaiate)

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