Há uma semana, o governo da China inaugurou a ponte da baía de
Jiaodhou, que liga o porto de Qingdao à ilha de Huangdao. Construído em
quatro anos, o colosso sobre o mar tem 42 quilômetros de extensão e
custou o equivalente a R$2,4 bilhões.
Há uma semana, o DNIT escolheu o projeto da nova ponte do Guaíba, em
Ponte Alegre , uma das mais vistosas promessas da candidata Dilma
Rousseff. Confiado ao Ministério dos Transportes, o colosso sobre o rio
deverá ficar pronto em quatro anos. Com 2,9 quilômetros de extensão,
vai engolir R$ 1,16 bilhões.
Intrigado, o matemático gaúcho Gilberto Flach resolveu estabelecer
algumas comparações entre a ponte do Guaíba e a chinesa. Na edição
desta segunda-feira, o jornal Zero Hora publicou o
espantoso confronto numérico resumido no quadro abaixo:
Os números informam que, se o Guaíba
ficasse na China, a obra seria concluída em 102 dias, ao preço de R$
170 milhões. Se a baía de Jiadhou ficasse no Brasil, a ponte não teria
prazo para terminar e seria calculada em trilhões. Como o Ministério
dos Transportes está arrendado ao PR, financiado por propinas,
barganhas e permutas ilegais, o País do Carnaval abrigaria o partido
mais rico do mundo.
Corruptos existem nos dois países, mas só o Brasil institucionalizou a
impunidade. Se tentasse fazer na China uma ponte como a do Guaíba,
Alfredo Nascimento daria graças aos deuses se o castigo se limitasse à
demissão.
Dia 19/07/11, o Tribunal chinês sentenciou a execução de dois prefeitos
que estavam envolvidos em desvio de verba pública.
(Adotada esta prática no Brasil, teríamos que eleger um Congresso por
ano)
Que absurdo inacreditável essa reforma do
estádio Mané Garrincha, reinaugurado em Brasília, no sábado passado. O
futuro elefante branco (71 mil lugares) saiu mais caro que o Maracanã
(78 mil), que foi praticamente colocado a baixo e reconstruído de novo.
Pois, assim mesmo, o novo “Maraca” custou algo em torno de R$ 1 bilhão
e 200 milhões e o “Mané”, R$ 1 bilhão e 500 milhões!
Ambos pagos integralmente pelos cofres públicos, numa Copa que, ao ser
anunciada, garantiu-se, seria totalmente bancada pela iniciativa
privada... Um escárnio, uma vergonha!
Principalmente no caso de Brasília, que sempre teve, tem e continuará
tendo um futebol incipiente e insignificante. Seus times nem sequer
disputam as séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. E a média de
público do último torneio estadual foi inferior a mil espectadores por
jogo...
Diz-se agora, a título de justificativa, que, após a Copa, o “Manezão”
servirá também como arena multiuso, sediando shows internacionais,
eventos culturais e religiosos e sabe-se lá mais o que. Face à desculpa
esfarrapada, sugiro que, dentro desta linha fantasiosa, se programe pra
lá a chegada de Papai Noel e do Coelhinho da Páscoa ,além de aparições
do Saci Pererê, do Boitatá, do Curupira e do Negrinho do Pastoreio.
Todos ao som da caxirola...
Descalabros como esse da nossa Capital Federal (repetidos em Manaus, Cuiabá
e Natal) são provas cabais de que sediar mega competições esportivas
como Copas e Olimpíadas, muito mais do que ser um grande negócio para o
país, é a oportunidade perfeita para que espertalhões encham os bolsos
às custas do nosso dinheiro. Triste e dura realidade.
Pobre Garrincha. O ingênuo e inocente gênio das pernas tortas não
merecia ter o nome vinculado a algo planejado e executado por gente de
caráter torto e que de inocente e ingênua não tem nada...
A título de ilustração
No Mundial da África do Sul, o monumental “Soccer City”, erguido do
zero em Johannesburgo para sediar, entre outros jogos, a abertura e a
final da Copa, custou 311 milhões de euros (R$ 808 milhões). Com
capacidade para 91 mil espectadores. Blog do Renato Mauricio Prado – O
Globo
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