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PREFEITOS QUEREM
“SOSSEGAR” SUBMUNDO DO TRANSPORTE
A primeira providência
pensada pelos prefeitos para acalmar os proprietários das empresas de
transportes urbanos é “meter a mão” no bolso dos combalidos contribuintes. E
pretendem cometer mais esse crime sem a menor cerimônia.
Nenhum desses prefeitos
quer “passar um pente fino” nas famosas planilhas apresentadas pelos
proprietários de transporte coletivo urbano e metropolitano, sempre apresentada
com umas gordurinhas a mais.
Ao invés de buscar
gordura para queimar nas planilhas, para nossos prefeitos é bem mais
conveniente subsidiar o valor das passagens. E esse dinheiro, naturalmente,
saem dos nossos bolsos, rotos e vazios.
De um lado, empresários
reclamam do grande índice de gratuidade; do outro, os prefeitos acenam com
complementos cuja origem é o erário da viúva. E ainda pedem ao governador para
não cobrar o ICMS do óleo diesel.
Essa sanha pelo lucro
deixa passar batido a concessão fiscal feita pela presidenta Dilma em relação
ao PIS/Cofins, que deixou de ser pago pela empresas de ônibus, e em algumas cidades
não pagam o ISS.
São os donos dessas
empresas de transporte velhos camaradas do prefeito atual, mesmo que não percam
a amizade com os que saíram. Prática de quem se interessa apenas com os
negócios.
Contribuem com
generosidade para as campanhas eleitorais. Eleições à parte, não dispensam a
camaradagem com o poder, sempre que requisitados, comprovando que são amigos
dos amigos.
Mesmo quando não são
amigos, não desbotam. Atendem aos pedidos, até como uma medida preventiva.
Afinal, quem é que não quer que seus negócios prosperem. Com vento de popa é
mais fácil.
Lembro-me de um desses
donos de empresa de ônibus que dizia abertamente ser obrigado a cumprir
semanalmente com uma obrigação fora do contrato, chovesse ou fizesse sol.
E olha que esse
empresário era desafeto do prefeito, tanto que se candidatou ao cargo de
executivo municipal, substituindo-o na prefeitura. E essa denúncia está numa
entrevista concedida no Jornal Agora.
O prefeito não
reclamou, ao contrário, se fez de morto, com receio de uma investigação do
Ministério Público. Então, se existe essa convivência espúria, é porque
traquinagens são feitas a torto e a direito.
E o pior: os ônibus são
caminhões encarroçados que não recebem a manutenção devida e nem a quantidade
de veículos e em horários suficientes para transportar os passageiros com
dignidade.
Bom, mais aí já é pedir
muito para um país emergente, ainda classificado como de terceiro mundo. E
segue o enterro!
O monstro foi para a rua
Em dezembro de 1974, a oposição havia derrotado a ditadura nas urnas, elegendo
16 dos 21 senadores, e o ex-presidente Juscelino Kubitschek estava num almoço
quando lhe perguntaram o que acontecia no Brasil.
- O que vai acontecer, não sei.
Soltaram o monstro. Ele está em todos os lugares.
Abaixou-se, como se procurasse alguma
coisa embaixo da mesa e prosseguiu:
- Ele está em todos os lugares, aqui,
ali, onde você imaginar.
- Que monstro?
- A opinião pública.
Dois anos depois JK morreu num
acidente de automóvel e o monstro levou-o no ombros ao avião que o levaria a
Brasília. Lá ocorreu a maior manifestação popular desde a deposição de João
Goulart.
Em 1984 o general Ernesto Geisel
estava diante de uma fotografia da multidão que fora à Candelária para o
comício das Diretas Já.
- Eu me rendo --disse o ex-presidente,
adversário até a morte de eleições diretas em qualquer país, em qualquer época.
Demorou uma década, mas o monstro
prevaleceu. O oposicionista Tancredo Neves foi eleito pelo Colégio Eleitoral e
a ditadura finou-se.
O monstro voltou. O mesmo que pôs
Fernando Collor para fora do Planalto.
No melhor momento de seu magnífico
"Pós Guerra", o historiador Tony Judt escreveu que "os anos 60
foram a grande Era da Teoria". Havia teóricos de tudo e teorias para qualquer
coisa. É natural que junho de 2013 desencadeie uma produção de teorias para
explicar o que está acontecendo. Jogo jogado. Contudo, seria útil recapitular o
que já aconteceu. Afinal, o que aconteceu, aconteceu, e o que está acontecendo,
não se pode saber o que seja.
Aqui vão sete coisas que aconteceram
nos últimos dez dias:
1) O prefeito Fernando Haddad e o
governador Geraldo Alckmin subiram as tarifas e foram para Paris, avisando que
não conversariam nem com os manifestantes. Mudaram de ideia.
2) Geraldo Alckmin defendeu a ação da
polícia na manifestação de quinta-feira passada. Mudou de ideia e pacificou sua
PM.
3) O comandante da PM disse que sua
tropa de choque só atirou quando foi apedrejada. Quem estava na esquina da rua
da Consolação com a Maria Antônia não viu isso.
4) Dilma Rousseff foi vaiada num
estádio onde a meia-entrada custou R$ 28,50 (nove passagens de ônibus a R$
3,20).
5) O cartola Joseph Blatter,
presidente da Fifa, mandarim de uma instituição metida em ladroeiras, achou que
podia dar lição de moral aos nativos. (A Viúva gastará mais de R$ 7 bilhões
nessa prioridade. Só no MaracanãX, torraram R$ 1,2 bilhão.)
6) A repórter Fernanda Odilla revelou
que o Itamaraty achou pequena a suíte de 81 m² do hotel Beverly Hills de
Durban, na África do Sul, e hospedou a doutora Dilma no Hilton. (Por
determinação do Planalto, essas informações tornaram-se reservadas e, a partir
de agora, só serão divulgadas em 2015.)
7) A cabala para diluir as penas dadas
aos mensaleiros que correm o risco de serem mandados para o presídio do
Tremembé vai bem, obrigado. O ministro Dias Toffoli, do STF, disse que os
recursos dos réus poderão demorar dois anos para ir a julgamento.
Para completar uma lista de dez, cada
um pode acrescentar mais três, ao seu gosto.
Elio Gaspari, nascido na
Itália, veio ainda criança para o Brasil, onde fez sua carreira jornalística.
Recebeu o prêmio de melhor ensaio da ABL em 2003 por "As Ilusões
Armadas". Escreve às quartas-feiras e domingos na versão impressa de
"Poder".
POR HOJE É
SÓ. VOU GUARDAR A TESOURA, AGULHA E A LINHA.
VOU BATER O
MARTELO... PONTO FINAL. (REDAÇÃO: O BOLSO DO ALFAIATE)
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