sábado, 28 de maio de 2022

 VAI TER GOLPE?

Frei Betto
Meu pai lutou contra a ditadura de Vargas. Esteve preso e assinou o “Manifesto dos Mineiros”, estopim político que detonou o regime de terror implantado pelo caudilho.
Meu pai, em 1945, acreditou que nunca mais o Brasil seria governado por outra ditadura. A democracia havia recuperado fôlego.
Em 1962, troquei Belo Horizonte pelo Rio, disposto a me dedicar à política estudantil em âmbito nacional. Jânio Quadros havia sido eleito presidente da República em 1961 e renunciado oito meses depois. Houve breve período de instabilidade política. A Constituição, entretanto, prevaleceu, e João Goulart, vice de Jânio, tomou posse.
Como candidato, Jânio visitou Cuba em março de 1960 e, poucos dias antes de renunciar, condecorou Che Guevara com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, a principal comenda da República. Para os setores conservadores, era mais um sinal de que o país se deslocava da órbita dos EUA para a comunista. De fato, não eram os países socialistas que atraíam o governo de Jango. Era a coalizão dos Não Alinhados que congregava 115 países decididos a ficarem distantes das grandes potências.
Tal independência, contudo, foi encarada pela Casa Branca como alinhamento ao comunismo. Na polarização da Guerra Fria entre EUA e a União Soviética, Tio Sam não admitia neutralidade.
Na política interna, Jango apregoava o óbvio: promover reformas de base, como a agrária, tão necessárias ao Brasil ainda hoje. Movimentos sociais, como as Ligas Camponesas, davam respaldo às intenções do governo.
Diante das mobilizações de apoio à política reformista de Jango, a direita brasileira, monitorada pela CIA, como hoje comprovam documentos oficiais, desencadeou articulações para impedir que as estruturas anacrônicas do país, tão convenientes aos interesses dos EUA e à elite agroindustrial, fossem alteradas. O fantasma do comunismo ocupou as manchetes da mídia. Entidades foram fundadas para aglutinar as forças de direita, como o IBAD (Instituto Brasileiro de Ação Democrática). Havia cheiro de golpe no ar...
As forças progressistas, no entanto, não tiveram suficiente olfato para captá-lo. Acreditavam que as mobilizações populares, comandadas pela UNE (União Nacional dos Estudantes), a CGT (Comando Geral dos Trabalhadores) e os partidos progressistas e grupos de esquerda (PC, PCdoB, Ação Popular etc.) haveriam de conter qualquer aventura golpista.
Líderes da esquerda garantiam que Jango estava firmemente respaldado por um fiel “esquema militar”. Tinha em mãos o controle da situação. Embora as ruas do país fossem ocupadas pelas Marchas da Família com Deus pela Liberdade, encabeçadas por um sacerdote estadunidense remetido pela CIA ao Brasil, a democracia não sofria ameaça. Oito anos de ditadura de Vargas (1937-1945) haviam imunizado o país do vírus golpista.
O dilúvio desabou em 1º de abril de 1964. Sem disparar um único tiro, as Forças Armadas derrubaram o governo constitucionalmente eleito, rasgaram a Constituição e disseminaram o regime de terror que cassou políticos e lideranças sociais, prendeu, torturou, assassinou, fez desaparecer e/ou baniu do país militantes de movimentos populares, pastorais, sindicais e políticos. O regime de trevas durou 21 anos!
Hoje, o Brasil é governado por um cúmplice das milícias que ostensiva e repetidamente ameaça a democracia e promete sabotar as eleições presidenciais de outubro caso as urnas não lhe deem vitória. E, de novo, vozes se levantam em defesa da democracia e asseguram que ela está sólida. São vozes do Judiciário, do Legislativo, da grande mídia, e até de quem admite ter dado, em 2018, seu voto ao neofascista que ocupa o Planalto.
Enquanto Carolina, com seus olhos fundos, vê a banda passar e guarda tanta dor, a defesa da democracia se sustenta, até agora, em mera retórica. “Eu já lhe expliquei que não vai dar / seu pranto não vai nada ajudar”, pois não há mobilizações populares. Não há ações efetivas do Judiciário, do Legislativo e dos movimentos sociais para acuar o presidente nos demarcados limites da Constituição. O tempo passa na janela e só Carolina não vê. Ninguém sabe o que pensam as Forças Armadas, exceto que não se queixam do “cala boca” de tantas mordomias asseguradas pelo capitão, que lhes abriu o cofre, encastelou milhares de militares nas estruturas de governo e convoca, altissonante, a população a se armar e desconfiar do processo eleitoral.
Carolina vai continuar na janela e fazer de conta que não vê? Quem garante, hoje, que Lula será eleito e, se eleito, tomará posse?
Frágil não é a democracia brasileira, e sim a nossa capacidade de, como povo, transformar a nossa indignação em mobilização.
Pode ser uma imagem de texto que diz "ATRAVESSANDO os MEUS MOMENTOS MAIS DIFÍCEIS CONHECI o MELHOR DE MIM E o PIOR DE ALGUMAS PESSOAS."
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sexta-feira, 27 de maio de 2022

 

O BOTAFOGO DE RODRIGO CONTRA O BAHIA DE ITAJUÍPE

O Botafogo de 1958 que venceu o Bahia de Itajuípe

 Em pé: Patuca, Vilson, Paim, Dal (Tarzan), João Bocar e Vitor Baú; agachados: Jonga, Pedrinha, Pintadinho, Afrânio e Esquerdinha

Por Walmir Rosário*

A disputa entre o Botafogo do bairro Conceição e o Bahia de Itajuípe – em 1958 – foi considerado o jogo do ano na região cacaueira. A partida não valia por nenhum campeonato, ou torneio, mas resolveria uma aposta no valor de Cr$ 30 mil (moeda daquela época), uma quantidade de dinheiro suficiente para resolver o problema financeiro de qualquer um vivente. E esse desafio animou a torcida de toda a região.

A aposta foi feita entre o executivo do jogo do bicho, Sílvio Sepúlveda, ex-goleiro do Botafogo, cartola e frequentador assíduo dos jogos da desportiva, onde ficou famoso por suas apostas, e Oswaldo Gigante, cartola do Bahia de Itajuípe. A todos Sílvio desafiava, dando gols de vantagem, e quem retrucasse dizendo que preferia apostar no clube proposto por ele, recebia outra resposta na mesma hora:

– Dou dois pra um – e Sílvio finalizava a pendenga.

Num jogo amistoso, o Bahia de Itajuípe caiu na besteira de ganhar do Botafogo de Rodrigo Antônio Figueiredo, o que para Sílvio teria sido apenas um pequeno acidente de percurso. Afinal, o Bahia, um time com uma dúzia de pernas de pau não poderia ser superior à equipe alvinegra com Patuca, Pedrinha, Dal (Tarzan), Pintadinho, Afrânio, Jonga, todos craques de primeira linha. Só uma revanche resolveria a pendenga.

Feita a aposta, dinheiro casado, o jogo foi marcado para 15 dias depois, tempo suficiente para arregimentar torcedores de toda a região. No domingo aprazado, o campo da Desportiva estava superlotado com as caravanas vindas de Itajuípe, Coaraci, Itapé, Ilhéus e até de Vitória da Conquista. Jogo duro, mastigado, jogadores seguindo à risca as recomendações de Sílvio Sepúlveda, pródigo nas recompensas pelas vitórias que lhe interessavam.

Apesar das bravatas de Sílvio Sepúlveda contra o Bahia de Itajuípe e seus jogadores, a equipe era um timaço e fazia valer os 90 minutos de uma partida e era muito raro perder para os times da região. As equipes de Itabuna sempre recorriam aos jogadores de Itajuípe e alguns deles prestaram relevantes serviços à Seleção de Itabuna durante a jornada que culminou no Hexacampeonato de Amadores da Bahia.

A grande equipe do Bahia de Itajuípe

Mas para Sílvio Sepúlveda isso pouco importava. Para ele, desafiar um time que defendia era uma falta de respeito, quanto mais provocar o Botafogo, o Glorioso do bairro da Conceição...era um crime inafiançável. Para resolver essa malquerença nada mais justo do que tirar a prova dos noves fora em outra partida no campo da Desportiva. E, ainda por cima, com a aposta, que parte seria distribuída entre os jogadores. E assim foi feito!

Apesar dos esforços dos botafoguenses, o primeiro tempo terminou com o placar de 2X0 a favor dos visitantes, para o desespero de Sílvio e da torcida local. No vestiário, a preleção foi uma verdadeira aula de como virar o jogo e ganhar, de lambuja, outros Cr$ 500,00 de troco. Bastava umas duas substituições e mandar o time encarar o Bahia de homem pra homem, como deveria ser.

A vitória viria normalmente, pois era uma moleza jogar com aquele adversário, segundo Sílvio, esclarecendo que bastaria Patuca segurar a defesa, Pedrinha controlar o meio de campo, abrir pra Jonga e enfiar a bola nos pés de Pintadinho, Afrânio e Esquerdinha. O resultado era a bola no fundo do gol e sair para o abraço. E quando Sílvio Sepúlveda falava era para ser obedecido, ainda mais com o aval do presidente Rodrigo Bocão.

Dito e feito. No segundo tempo entra Robertão e marca o primeiro gol aos 35 minutos; Afrânio fez o segundo e, para o delírio da torcida, aos 42 minutos, próximo do fim do jogo, Esquerdinha recebe um lançamento de Pedrinha e enfia o terceiro gol no Bahia de Itajuípe. A fatura estava liquidada. Assim que chegaram ao vestiário o “bicho” pela vitória foi pago e os jogadores e comissão técnica foram comemorar no Elite Bar e no Café das Meninas. Uma noite de grande festa.

Pedrinha

Um dos melhores jogadores de meio-campo de Itabuna foi Pedrinha, ou Antônio Gonçalves de Oliveira, jogador do Botafogo de Rodrigo, do Fluminense, dentre outros times. Famoso pelos seus lançamentos e a tabelinha que fazia com Mundeco, era de estilo clássico e atuava com responsabilidade. Essa equipe de 1958, da qual fez parte, é considerada como uma das melhores da história esportiva de Itabuna.

Pedrinha deixou de jogar, mas não abandonou o futebol e se tornou um grande colecionador de fotos de equipes esportivas, colaborando nas edições especiais do Jornal Agora, nos aniversários de Itabuna. Antônio Gonçalves de Oliveira (Pedrinha) morreu em outubro de 2021, aos 85 anos de idade, muitos deles dedicados ao futebol amador de Itabuna, deixando saudosos os que o conheceram.

sexta-feira, 20 de maio de 2022

MEMORIAL INÉDITO CONTA HISTÓRIA DO BAIRRO CONCEIÇÃO

 
A ponte e Igreja foram vetores de desenvolvimento

Por Walmir Rosário

De forma bastante singela, acredito que o ato de viver pode ser comparado a assumir a direção de um veículo. Ter foco no presente do caminho que lhe rodeia, olhando, sempre, pelo retrovisor o passado, e analisando as possibilidades do futuro, do que possa vir pela frente. São através das histórias do passado que poderemos entender mais sobre nós mesmos, para que possamos encarar o futuro sem qualquer receio.

Dito isso, passo a narrar, com alegria, um “achado” importante da minha infância, vivida no bairro da Conceição em Itabuna. Essa descoberta é um memorial de autoria das professoras Edith Oliveira de Santana, Jiunice Oliveira de Santana e do engenheiro agrônomo e pesquisador aposentado da Ceplac, Sandoval Oliveira de Santana, que conta grande parte da história do bairro, em textos e fotos.

O trabalho, que leva o nome Bairro da Conceição e os Primórdios, foi elaborado para homenagear o cinquentenário da implantação da Paróquia Nossa Senhora da Conceição (8-12-1958 a 8-12-2008), com informações antecedentes ao ano de 1958. Todo o trabalho foi realizado por meio de consultas aos moradores descendentes dos desbravadores, com registros dos personagens.

E os três autores tinham motivos pra lá de especiais para elaborar o memorial, haja vista que eram filhos de Marinheiro e dona Janu (Antônio Joaquim de Santana e Joana Oliveira de Santana), casal que ostenta o título de quarto morador do bairro e o primeiro da rua Bela Vista. Os 13 filhos (uma adotiva) do casal se criaram no hoje bairro da Conceição, local que ainda residem filhos, netos e bisnetos.

Marinheiro, sergipano do distrito de Outeiro, município de Maruim, era um homem conhecedor do mundo, sempre a bordo dos navios da Marinha de Guerra Brasil e participou ativamente da “Revolta da Chibata”. Pretendendo mudar de vida, aporta em Ilhéus e vai trabalhar nas roças de cacau, tornando-se, posteriormente, administrador de fazendas e especialista no plantio e manutenção de cacaueiros.

Em 1932, Marinheiro muda-se para Itabuna em busca de escola para seus seis filhos, construindo uma casa na recém-criada Abissínia (bairro da Conceição), que se tornara promissora com a construção da ponte Góes Calmon, sobre o rio Cachoeira e a estrada para Macuco (hoje Buerarema). Conhecedor do mundo, Marinheiro participava da política local com ideias inovadoras para as campanhas políticas e a administração municipal.

Formalmente, o Conceição é o segundo bairro criado, embora em sua área, a Marimbeta, ostente a primazia de abrigar a primeira casa construída de Itabuna, na roça de Félix Severino do Amor Divino, um dos fundadores de Itabuna. E o memorial descreve que morar ali na década de 1930 era uma demonstração de coragem e trabalho, por ser um local de vegetação densa e contar com muitos animais silvestres.

Àquela época as casas eram feitas de taipas, adobes (crus ou queimados), telhados de palmeiras e poucos de telhas, que já serviam para se defender as intempéries, das onças e outros animais selvagens, muitos destes transformados em misturas na alimentação. Naqueles tempos bicudos, para matar a sede os moradores recorriam aos leitos dos ribeirões e à noite utilizavam fifós e placas, alimentados com querosene.

Para cozinhar bastava cortar a madeira na mata, tocar fogo e colocar as panelas de barro. Os mais abastados possuíam fogões a lenha, geralmente fora de casa. Nas panelas, feijão, carnes de caça, peixes do rio Cachoeira em abundância e muitas frutas na sobremesa. As vestimentas para os marmanjos eram calça curta, depois comprida, camisas com botões e cuecas samba canção; a depender da condição financeira, ternos de linho ou gabardine. As mulheres: vestido, saia, blusa, capote, combinação, anágua e calçola.

Aos poucos, o arruamento foi tomando forma urbana devido a crescente construção de casas, apareceram as primeiras vendas (mercearias) e padarias, melhorando as condições de vida da população. Mesmo assim, o “bairro” começou a ser chamado pejorativamente de Aldeia, e mais pra frente de Abissínia, devido a algumas mortes decorrentes de briga, injustamente comparada com a guerra no país africano.

No final da década de 1940, mesmo um aglomerado urbano de condições inóspitas, o bairro da Conceição possuía uma economia próspera, ganhando destaque nos anos 1950, quando começou a se consolidar. Nesse período, com as secas em Sergipe, os moradores de Itabuna convidavam os parentes para morar no “eldorado do cacau”, época em que o bairro da Conceição recebeu uma grande leva de migrantes.

Se em 1° de março de 1928 o bairro ganha a ponte Góes Calmon como primeiro vetor de crescimento, em 1955 veio o segundo com a construção da Igreja de Nossa Senhora da Conceição, inaugurada em 08 de dezembro de 1958, quando a velha capela de madeira deu lugar a uma grande matriz. Neste mesmo período a fé dos moradores era atendida pelas igrejas Assembleia de Deus, Batista Teosópolis e Cristã do Brasil.

Construída pela batuta dos frades capuchinhos Isaías e Justo (italianos) e Apolônio (brasileiro/pernambucano), a Igreja de Nossa Senhora da Conceição marcou, decisivamente, o desenvolvimento do bairro. Enquanto a obra ia sendo tocada, a prefeitura passou a urbanizar o bairro, com a abertura e rebaixamento de ruas, a praça em frente a igreja e a canalização de água em algumas ruas.

Daquela época aos dias de hoje, o bairro passou por várias etapas de crescimento e desenvolvimento, com boas escolas públicas e privadas; na área de lazer e esportes – clube social, times de futebol, a sede do Itabuna Esporte Clube, bares e restaurantes, supermercados, dentre outros equipamentos urbanos. Mais que isso, sua gente se destaca na sociedade nas mais diversas áreas literária, artística, esportiva e profissional.

sexta-feira, 13 de maio de 2022

porwalmirrosario

 

TYRONE INVENTA O TURISMO DA CERVEJA BARATA

Júnior, Jurandir, Alberto e Tyrone em Barra Grande

Por Walmir Rosário

O Procon – ou seja lá que órgão o represente – precisa vir a Canavieiras com uma certa urgência, não para um período de férias e veraneio dos seus representantes, mas para fiscalizar o preço alto da cerveja, mercadoria muito cara por essas bandas. Nada tenho contra o veraneio desses ilustres “fiscais do povo”, que em épocas recuadas foram do Sarney, mas nessa condição poderiam se acostumar com os preços praticados pelos bares e restaurantes e nos prejudicar mais, ainda.

E nesse assunto falo de cátedra, por ser um consumidor quase que diário dessa mercadoria, tão admirada e consumida pelos brasileiros, embora os índices não sejam lá, essas coisas em relação a outros países. Confesso que atualmente não estou colaborando tanto para o aumento dos índices de consumo, e por isso já fui acusado de aposentado do Paraguai e, pior, como um enfermo de saúde combalida por pessoas malfazejas, fuxiqueiras perniciosas, o que cabe uma reparação judicial. Deixa estar, jacarés!

Mas minha aparente debilidade física pouco interessa e muito menos se me encontro em tratamento. O certo é que dentro de pouquíssimo tempo, estarei de volta às lides etílicas de alta frequência nos bares de Canavieiras e cidades circunvizinhas, com a constância requerida para tanto. E nesse meu festejado retorno gostaria que as autoridades constituídas, para tanto, já tivessem tomado uma providência (não a excelente cachaça mineira) para reduzir a conta, por conta das cervejas mais baratas.

Como disse que desse assunto falo de cátedra, repasso informações de alta confiabilidade a mim repassadas por uma força tarefa canavieirense de alto coturno quando se trata de cerveja. Em outras terras e num passado não muito distantes (2019), os confrades Júnior, Jurandir, Tyrone Perrucho e Alberto Rocha (conhecido como Fiscal em Canavieiras e Coletor em Camamu) descobriram e beberam cerveja Heineken pelo módico preço de R$ 10,00, impensável aqui pelas bandas de Canavieiras.

Não pensem os desconfiados senhores que a missão exploradora frequenta locais mal-afamados do tipo birosca de ponta de rua sem as mínimas condições de higiene, quiçá de péssimas condições de atendimento e sem os acessórios necessários e convenientes para a degustação de uma boa cerveja, a exemplo de copos e taças de cristal. Se engana quem pensou nessa remota possibilidade, pois nossos confrades se encontravam em Barra Grande e outros locais badalados da Baia de Camamu.

Para que não pairem dúvidas sobre o local, a cerveja e o preço, apresento uma foto com o flagrante do ato de degustação e comemoração num ambiente requintado, como bem merecem nossos turistas em busca de aventuras pelos bares desse mundo afora. Diante da constatação, imediatamente – graças à presteza, viabilidade e praticidade das redes sociais – enviaram a foto aos quatro cantos do nosso planeta, mostrando que por aquelas bandas o cliente é bem tratado no que se refere ao paladar e ao bolso.

Para os que se dizem incrédulos como São Tomé, nossos viajantes estavam munidos com notas fiscais – e não poderia ser diferente com Alberto Rocha, um valoroso ex-agente da fiscalização –, que mesmo gozando dos encantos da aposentadoria, não se permitiria deixar de solicitar a nota fiscal, como bem recomenda a Secretaria da Fazenda. Se Alberto é o responsável pelas questões legais, Tyrone Perrucho, por certo estaria a postos para a verificação do preço da cerveja Heineken. Cada um na sua especialidade.

Pelo que soube – e deve mesmo ter acontecido –, não fui o único a receber a preciosa informação com os anexos (foto e notas fiscais), acredito eu que tenha sido com a intenção de iniciar a mobilização dos frequentadores dos bares contra o tratamento nada amigável dos donos de botequins. Por sinal, pelo que ouvi, as provas irrefutáveis da venda de cerveja barata em Barra Grande também foram enviadas para os donos de bares de Canavieiras.

Para quem ainda não conhece Barra Grande vou logo avisando: trata-se de um local chic, frequentado pela nata da high society nacional e internacional, a exemplo dos poderosos da Globo, publicitários políticos, Neymar et caterva quando vêm se recuperar dos revezes com as namoradas e títulos perdidos em campo. Esse aviso se faz necessário para que saibam em que areia pisarão, se bem que por lá os ambientes são limpinhos, bem asseados, ao contrário dos costumeiros pés-sujos onde costumam frequentar.

Quanto às providências possíveis de serem tomadas por aqui, aguardamos a chegada da nobre missão que lembra os bandeirantes paulistas que embrenhavam o interior do Brasil em busca de pedras preciosas e outras riquezas materiais, se bem que de forma individualista, não deu em nada. Quanto ao comportamento de Alberto e Tyrone, imbuídos no alto espírito coletivista norteador das causas públicas, no sentido de reparar a economia dos confrades no dia a dia dos bares canavieirenses se revelou um retumbante fracasso.

A montanha pariu um rato!

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