sexta-feira, 24 de junho de 2022

Com a palavra de Walmir Rosário

 

JOÃO CALÇA FROUXA, FELIZ NO JOGO, INFELIZ NO AMOR

Montagem de rosto de João Calça Frouxa*

Por Walmir Rosário*

Por volta de 1963 apareceu no bairro da Conceição, em Itabuna, um jovem, ainda adolescente, que começou chamar a atenção pela sua intimidade com a bola. Em poucos dias, já estava aclimatado com os desportistas e era um dos primeiros a ser escolhido para os babas em todos os campinhos que chegava. Não tinha medo de zagueiros e zombava das pancadas que eles davam com dribles desconcertantes, deixando-os caídos ao chão enquanto partia para cruzar a bola ou entrar na área e fazer o gol.

Garoto acanhado no meio social – talvez pela sua pequena condição social – se transformava num gigante quando o assunto era futebol. Seu nome: João Calça Frouxa, apelido que trouxe de sua terra natal, Buerarema, ou Macuco, como ainda chamávamos – por força de hábito – o recém-emancipado distrito de Itabuna. Passou a ser convidado para os “babas” e as partidas dos times mais importantes do bairro da Conceição.

Fora de campo, fazia bicos para comerciantes, fazendo a entrega de mercadorias e das compras na feira para as donas de casa. Se especializou em mandados. Quando não estava nos afazeres ou nos campos de pelada era visto tomando banho no rio Cachoeira e pescando. Devidamente ambientado, não queria saber de outra vida, já que conseguia todas as regalias que sua vida de menino pobre em Buerarema não podia lhe oferecer.

Enquanto ganhava desenvoltura junto à população, principalmente às pessoas ligadas ao futebol, pouca intimidade tinha com as letras, pois nunca foi afeito a livros, cadernos e lápis. Gostava mesmo era de driblar os adversários, desmoralizá-los – no bom sentido. Nos dias em que estava inspirado, mandava fazer fila e saia “costurando” a torto e a direito, não poupando nem mesmo o goleiro adversário, aplicando meias-luas, banhos de cuias (chapéus) até jogar a bola no gol.

Desde Buerarema que não frequentava a escola. “Era ‘rude’ pra essas coisas da cabeça”, diziam frequentemente, enquanto o elogiavam na arte do futebol. Era capaz de passar o dia inteiro pelos campos, jogando seguidos “babas” ou nas rodas de “bobo”. Nem via o tempo passar. Só saía mesmo quando tinha um mandado para fazer e ganhar um troco. Seu traje, invariavelmente, era uma camisa de algodão cru e um calção de estopa ou mesclinha, que ia até o joelho.

No bairro da Conceição, João Calça Frouxa morava com uma irmã no alto da rua Bela Vista, até que despertou a curiosidade de um parceiro de “baba”, Carlos Guimarães, o Caroba, que descobriu a condição de analfabeto do amigo. Com muita paciência, Caroba pegava na mão de Calça Frouxa para ensiná-lo a escrever, após um trecho de leitura. Até que ele conseguiu “desenhar” o seu nome: João Cantídio dos Santos, até então desconhecido de todos.

Quem lembra bem de João Calça Frouxa nas peladas é Raul Vilas Boas, goleiro estiloso que gostava de imitar as “pontes” praticadas pelo goleiro do Flamengo, Marcial. “João Calça Frouxa era um ponta-direita habilidoso, que driblava bem, jogava em direção ao gol, jogava muito. Era considerado um novo Garrincha, pois driblava bem e ia pra cima, com velocidade. Dava um tapa na bola pela direita e quando o lateral virava ele já estava na cara do gol.

Quem o levou para a equipe do Botafogo juvenil do bairro da Conceição foi o técnico Zito Baú, que o considerava como um dos melhores ponteiros do Botafogo, em toda a sua história. A exemplo de outro ponta-direita, o consagrado Mané Garrincha, João Calça Frouxa pouca importância dava aos bens materiais. Afinal, se sentia o máximo ao fazer os adversários de “gato e sapato” e ainda tinha sua fonte de renda garantida para as farras com mandados que fazia no bairro.

No livro “A bela assustada”, o jornalista e escritor Antônio Lopes dedica uma crônica – O anjo com a calça frouxa – ao ilustre personagem. Lá pelas tantas, ele cita o entusiasmo do médico Vilfredo dos Santos Lessa ao ver as diabruras do jovem futebolista:

– Digam-me! Digam-me! De que planeta evadiu-se aquele menino endemoniado, e com a calça frouxa? Foi o suficiente...o chiste do médico teve o poder de batizar Joãozinho, que por ser Joãozinho sem nome, passou a chamar-se Joãozinho Calça Frouxa. E nem precisou de certidão lavrada no cartório de Raymundo Santana Fontes, ou água benta de batismo em missa do Padre Granja, para essa escolha cair no gosto da população –.

Na mesma crônica, João Calça Frouxa – ainda menino – é chamado por Abel, zagueiro direito do lendário Bahia de Itajuípe, que não gostava de marcá-lo: “Era o Capeta”. E Antônio Lopes lamenta que o craque não teve a oportunidade de transportar sua arte de Buerarema para o Maracanã, dali até os grandes estádios (hoje, sei lá os motivos, chamados... “arena”) do Japão, Inglaterra, Oropa, França e Bahia, de onde, para virar o jogador do século, era apenas um passo (ou um passe).

Não deu tempo! O delírio das torcidas com as firulas e o assanhamento de João Calça Frouxa nos campos de futebol teve vida curta. Enlouqueceu cedo. Lembro que, mesmo nessa condição, continuou a trabalhar nos mandados, conversando sozinho, xingando a mãe da garotada que mexia com ele. Certa feita, tomou uma queda e passou meses com um aparelho de aço espetado no braço, sem os devidos cuidados higiênicos. Uma lástima!

Nas estórias contadas sobre os motivos que o deixaram abilolado (como chamavam à época) estaria um amor não correspondido por uma bonita moça normalista, filha de um pequeno cacauicultor, que preferiu continuar os estudos a se dedicar ao namoro. Teria sido a gota d’água na cabeça do ponta-direita do Botafogo de Rodrigo Antônio Figueiredo, que nunca mais driblou seus adversários e, ainda por cima, tomou um elástico no amor.

Anos depois, esquecido por estar sumido da torcida e amigos, morre num asilo João Cantídio dos Santos. João Calça Frouxa torna-se apenas uma lembrança dos amantes do futebol atrevido, endiabrado, moleque, do menino habilidoso de Buerarema, que poderia ter encantado o mundo. O tinhoso ponta-direita que prometia ser um segundo Garricha teve seus últimos dias no estilo de Heleno de Freitas, outro grande craque do Botafogo carioca.

Feliz no jogo, infeliz no amor!


Montagem com a imagem do rosto de João Calça Frouxa retirada de filme no You Tube, em filmagem de Gilvan Filmagens Martins (https://youtu.be/6OpllRBm5okcom o velho Maracanã ao fundo. 

quarta-feira, 22 de junho de 2022

 

 

Paulo Diniz morre aos 82 anos com obra marcada por canções do biênio 1970-1971
Max Levay / Divulgação

♪ OBITUÁRIO – É inevitável e natural que todas as manchetes sobre a morte de Paulo Lira de Oliveira (24 de janeiro de 1940 – 22 de junho de 2022) – o cantor e compositor pernambucano imortalizado com o nome artístico de Paulo Diniz na história da música brasileira – destaquem o fato de ele ter sido o autor da canção Pingos de amor. Aliás, um dos dois autores, pois Pingos de amor é parceria de Diniz com o compositor baiano Odibar Moreira da Silva, já falecido.

Lançada em 1971, em gravação do próprio autor, Pingos de amor é mesmo a música mais conhecida de Diniz. Até porque a aliciante canção foi revitalizada pelo grupo Kid Abelha em disco editado no ano de 2000. E, de todo modo, o repertório mais expressivo de Diniz foi mesmo apresentado em discos editados entre 1970 e 1971, período do auge artístico desse cantor e compositor que morreu na manhã de hoje, aos 82 anos, no Recife (PE), de causas naturais.

Nascido em Pesqueira (PE), cidade encrustada no agreste de Pernambuco, Paulo Diniz migrou em 1964 para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde, dois anos depois, fez relativo sucesso com a gravação da música O chorão (Edson Mello e Luiz Keller, 1966). Era a onda da Jovem Guarda, do iê-iê-iê e da Pilantragem – o que fez com que o álbum de estreia do artista, Brasil, brasa, braseiro (1967), seguisse nessa linha.

Paulo Diniz (1940 – 2022) é lembrado por canções dos anos 1970 — Foto: Reprodução

Paulo Diniz (1940 – 2022) é lembrado por canções dos anos 1970 — Foto: Reprodução

Foi quando ficou entre o samba, o soul e a canção pop de amor que Diniz começou a se encontrar na música brasileira a partir do segundo álbum, Quero voltar pra Bahia, editado em 1970. O samba que batizou o disco, de título alusivo ao fato de Caetano Veloso estar exilado em Londres com vontade de voltar para o Brasil, tocou bem nas rádios e impulsionou o álbum, influenciado pela onda hippie e psicodélica em músicas como Ponha um arco-íris na sua moringa.

Tanto Quero voltar pra Bahia quanto Ponha um arco-íris na sua moringa e o samba-canção Um chopp pra distrair (outra música que sobressaiu na safra do compositor na época) eram parcerias de Paulo Diniz com Odibar. Como já mencionado, a parceria rendeu no ano seguinte o sucesso Pingos de amor, hit do terceiro álbum do artista, Paulo Diniz (1971).

No rastro de Pingos de amor, Diniz lançou outros cinco álbuns – E agora, José? (1972), Lugar comum (1973), Paulo Diniz (1974), Estradas (1976) e É marca ferrada (1978) – pela gravadora Odeon sem jamais reeditar o sucesso popular alcançado no binômio 1970-1971.

Seguiram-se dois álbuns, Canção do exílio (1984) e Pegou de jeito (1985), lançados por outros selos nos anos 1980, década em que Diniz, já morando no Recife (PE), enfrentou problemas de saúde que o tiraram de cena por anos. Fato que contribuiu para que o artista ficasse para sempre associado aos sucesso obtido no biênio 1970-1971, embora a discografia de Paulo Diniz guarde pérolas como a canção Vou-me embora (parceria com Roberto José, de 1972), pescada este ano por Zé Ibarra para o roteiro do show de abertura da turnê A última sessão de música, de Milton Nascimento. Resta abrir o baú....

quarta-feira, 15 de junho de 2022

TCMBa rejeitas as contas exercício 2020, do Município de Itajuípe – Gestão do ex-prefeito Marcone Amaral

 alhos & bugalhos

TCMBa rejeitas as contas exercício 2020, do Município de Itajuípe – Gestão do  ex-prefeito Marcone Amaral


Os conselheiros do Tribunal de Contas dos Municípios, na sessão desta terça-feira (14/06), emitiram parecer prévio recomendando a rejeição, às câmaras municipais, das contas da Prefeitura de Itajuípe, de responsabilidade do prefeito Marcone Amaral Costa Júnior.

Às contas de Itajuípe teve como causa principal a ausência de recursos em caixa para pagamento das despesas com restos a pagar no último ano do mandato do gestor, em descumprimento ao artigo 42 da Lei de Responsabilidade Fiscal. Essas contas são relativas ao exercício de 2020.

Após a aprovação dos votos, com os pareceres sugerindo a rejeição pelas câmaras de vereadores dessas contas, os conselheiros relatores José Alfredo Dias e Fernando Vita, apresentaram Deliberação de Imputação de Débito – DID, propondo multas de R$3 mil (Itajuípe), pelas demais irregularidades apuradas durante as análises dos relatórios técnicos.

Pelo descumprimento do artigo 42 da LRF, os conselheiros do TCM também determinaram a formulação de representação ao Ministério Público Estadual contra os gestores, para que seja apurada a ocorrência de crime contra as finanças públicas, nos termos do artigo 359-C do Código Penal.

Marcone Amaral alcança o tri e contas rejeitadas, o TCMBa, rejeitou também as contas de 2018 e 2019.

Município de Itajuípe inicia processo licitatório para construção de uma ponte no centro da cidade


A Comissão de Licitação do Município de Itauípe, com a publicação do edital  de licitação na modalidade TOMADA DE PREÇO N° 001/2022 destinada à: Contratação de empresa de engenharia para construção de uma ponte sobre o Rio Almada, que interligará o centro da cidade ao Bairro Vereador Acácio Almada.

A construção da parte faz é objeto do Convênio nº 438/2022, celebrado entre o Governo do Estado através da CONDER e o município de Itajuípe.

As propostas deverão ser encaminhadas a Comissão de Licitação Municipal até o dia 22 de junho, às 09:30hrs, na sede da Prefeitura Municipal de Itajuípe, s/nº, sita à Travessa da Rua Rotary Club, quando na oportunidade procederá a abertura dos envelopes contendo as propostas para a construção da ponte.

Demais informações poderão ser acessadas através do e-mail: licitaitajuipe@hotmail.com ou pelo telefone 73 3238-1712

Por hoje é só... Vou guardar a linha, a agulha e o dedal. Vou bater o martelo: Ponto Final.

Publicação simultânea: correioitajuipense.blogspot.com – academiaalcooldeitajuipe.blogspot.com e correioitajuipensedenoticias.blogspot.com *Redação o Bolso do Alfaiate.

domingo, 12 de junho de 2022

 

aposesiadodiadosnamorados claudioluz

Namorada



Deposito esta rosa em tuas mãos,

Simbolicamente é o afeto que se encerra

No meu coração que te ama incessantemente,

Desde o raiar do o brilho do sol que te toca como

Se fossem as minhas mãos acariciando o seu corpo dourado,

Antecipando os prateados raios da lua que

Cobrira-te no decair da tarde, iluminando o nosso amar.

Querida, você está sempre à frente ajudando

A iluminar os meus caminhos

E querida, diante dos meus olhos não venha com mais surpresas

Porque é fácil

Fácil amar você!

Você é a luz que eu nunca encontrei

É bem mais brilhante

E é fácil

Fácil te amar e tê-la como minha namorada.

 

Olhando na mesma direção do cupido


 

Quando o sol decantar,

No hoje, dia dos namorados, talvez o mais longos dos dias

Do ano, que nos envolve em sonhos, talvez eternos,

Entre olhares, na imersão, do culto que cultuo por ti.

Neste dia alvissareiro, entre beijos e abraços, presentes, utópicos quando vejo

No hoje que não posso te abraçar, pois no infinito distante do não sei onde está, nos braços de quem será.

Ah,distâncias, ah, falta do brilho dos teus olhos que estão no shopping, entre promoções temporárias e viagens ao Túnel do Tempo, Ilha da Fantasia, em busca do beijo, demasiado gostoso, infante talvez que não é o meu.

Deito-me entre lençóis, aspiro aos perfumes das rosas e incensos, emergindo-me fora dos teus braços que não mais é o seu.

Percorro caminhos, entrego-me a olhares, feito de anjos de luz, que nos impele a uma só pergunta: como é o seu nome, namorada que hoje não tenho.

Beijo-te em utopias, como amante eterno que pulsa fortemente em seu coração que a minha procura estás.

Sinto a tua essência, busco nas multidões o seu ego que não me deixa aproximar-me de ti

Valha-me São Valentino, Day.

Olho agora na mesma direção onde pueril está...

Talvez na sombra de uma arvore, está?

Amor entre crepúsculo


 

Haverá de acontecer, entre

Arrepios, primeiros movimentos, como em uma Sonata Allegro,

Entre os nossos corações, entre o seu cinto de Vênus, cor de rosa.

De repente o crepúsculo chegou entre

Nuvens e o brilho dos seus olhos, como

Dois instrumentos que me hipnotiza neste

Final de tarde ímpar que antecedeu

O seu chegar.

Movimento-me ao seu encontro, haverá

De acontecer, entre sonhos, o seu olhar

Caiu no meu, a sua boca na minha se perdeu,

Entre abraços, beijos e um novo

Dia que vai mais uma vez nos recompor.

O céu ontem estava róseo.

 

Só quero não criar expectativas

 

Só quero você sem imposições,

Dê aquela risada larga que talvez

Caia em minhas mãos hoje,, mas do que procuras por mim.

Amo-te em segredos, tênue talvez,

Você Pantera, antes Águia solitária, hoje refém,

Busco o silêncio, sem ti.

Ouço canções dos ocasos que talvez nos façam seres amantes, no início do inverno.

Ouço uma canção, você vem esplendorosa, quando me abraçará? possuindo-me digo: você é linda, mas que demais,

Expectativa que não devemos sonhar.

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