sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
O PREFEITO QUE ESTÁ MENOR QUE SUA REELEIÇÃO!
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
A GUERRA QUÍMICA NA RIVALIDADE ENTRE ILHÉUS E ITABUNA
A GUERRA QUÍMICA NA RIVALIDADE ENTRE ILHÉUS E ITABUNA
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O Viaduto Catalão facilitava o ataque pelos ilheenses |
Por Walmir Rosário*
Dois fatos relevantes sobre a rivalidade no futebol entre Ilhéus e Itabuna ficaram marcados na memória do diretor do Banco Econômico da Bahia, Carlos Botelho: O primeiro foi o acidente sofrido por Clóvis Nunes de Aquino, centroavante da seleção de Itabuna, que apesar de reserva de Juca Alfaiate, que era mais impetuoso, e em determinadas partidas era escolhido em lugar do titular, considerado mais técnico.
E num desses jogos, no primeiro tempo, a seleção de Ilhéus ganhava, em casa, por 2X0, quando no segundo tempo o técnico Costa e Silva (à época gerente das Casas Pernambucanas, em Itabuna) tirou o trio atacante de Itabuna – Lubião, Juca Alfaiate e Macaquinho – e substituiu-o pelo trio atacante reserva – Mil e Quinhentos, Clóvis Aquino e Lameu – com o intuito de virar o placar.
Com apenas 15 minutos do jogo reiniciado, o Itabuna já empatava em dois a dois, com dois gols de Clóvis. Foi aí que o violento beque da seleção de Ilhéus, Pedro Fateiro, do Fluminense do Pontal, enlouquecido com o “baile” que tomavam, numa jogada eminentemente criminosa, desferiu um pontapé no rosto de Clóvis Aquino, causando fratura no nariz e no maxilar.
A segunda briga no estádio ilheense também foi terrível, no momento em que o itabunense Alberto Santana, ao defender os interesses de Itabuna, ficou sozinho e apanhou bastante dos ilheenses. A briga, que iniciou na arquibancada do Estádio Mário Pessoa, só terminou no meio do campo, tanto que o jogo não teve continuidade. Nesta partida, a torcida do Itabuna foi – mais uma vez – literalmente massacrada.
Os torcedores de Itabuna não deram o braço a torcer e prepararam a revanche, desta vez em um novo jogo entre os times das duas cidades, realizado no campo da Desportiva itabunense. Com antecedência, um prático farmacêutico de nome Andrade, que trabalhava na Farmácia Caridade, do Dr. Nilo de Santana, preparou umas “laranjinhas” (um tipo de bola de gude revestida de parafina) contendo um produto químico devastador.
Após o jogo, assim que os ilheenses embarcam no trem para retornar a Ilhéus, diversas pessoas da torcida itabunense jogaram as tais laranjinhas dentro dos vagões, causando uma fedentina insuportável, além de manchar e rasgar as roupas. No dia seguinte, o Diário de Ilhéus estampava em sua manchete: “Itabuna lança guerra química contra Ilhéus”. Mais uma vez as populações das duas cidades ficaram um bom tempo com as relações estremecidas.
Assim que era marcada a próxima partida, as duas torcidas se preparavam para dar continuidade à batalha campal nos estádios de futebol das duas cidades. Nos dias em que antecediam as partidas, os grupos se encarregavam de preparar “as armas” para irem à guerra. Os próprios meios de comunicação das duas cidades – à época os jornais – promoviam o acirramento dos torcedores, de acordo com os acontecimentos do último jogo.
Nessas batalhas Ilhéus sempre levava a melhor por ter pontos de passagem na estrada que facilitavam o ataque, como os morros e barrancos. Com a inauguração do Viaduto Catalão – em 31-03-1955 –, os ilheenses ganharam um local privilegiado para atirar pedras, paus e tudo que fosse possível nos itabunenses. E a desvantagem dos itabunenses era gritante, pois grande parte da torcida viajava em carrocerias dos caminhões, portanto desprotegida.
Em Itabuna, apenas dois pontos favoreciam os torcedores locais: na ponte em frente a reformadora de pneus Bendix, no bairro de Fátima, e os paredões do morro do Dr. Caetano, no Alto Mirante. Os ataques aos torcedores adversários se davam na entrada e saída das duas cidades, não importando qual o resultado do jogo. A palavra de ordem era promover a vingança do jogo anterior.
Em tempos mais recentes, no início da década de 1960, o zagueiro Itajaí, nascido em Itabuna, teve a oportunidade de jogar pelas seleções de Ilhéus e Itabuna. Era um zagueiro vigoroso e por isso, contrariava as duas torcidas. Em algumas das várias partidas entre as representações das duas cidades, torcedores incentivavam que os adversários quebrassem a perna de Itajaí, considerado “vira folha” pelos adversários.
Foi nesse período que as contendas entre os times de Ilhéus e Itabuna, notadamente as seleções, passaram a ser consideradas inimigas viscerais, e como os itabunenses sempre venciam, os ataques da população praiana eram mais intensos. Devido a esse motivo, além de serem nomeados mutuamente de papa caranguejo e papa jaca, os ilheenses também passarem a ser chamados de cubanos, numa alusão à Cuba de Fidel Castro.
Se o “pau comia” fora dos campos de futebol, nas arquibancadas e dentro das quatro linhas não eram diferente. Apesar dos ilheenses terem bons craques, era difícil vencer os itabunenses, que rivalizavam em qualidade de atletas e jogavam pelo resultado, saindo vencedores nas guerras dentro das quatro linhas. Historicamente, os resultados podem ser contados pelo número de campeonatos vencidos pela Seleção Amadora de Itabuna, que chegou ao hexacampeonato em anos seguidos.
*Radialista, jornalista e advogado
sexta-feira, 15 de dezembro de 2023
O itajuipense PIABA, O FUTEBOL NO DNA DE FAMÍLIA
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
A NABABESCA FESTA DO DENDÊ EM CANAVIEIRAS
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A Prefeitura de Canavieiras foi uma excelente anfitriã |
Por Walmir Rosário*
O Brasil passou por grandes mudanças com a eleição de Tancredo Neves e a chegada de José Sarney à Presidência da República. E o PMDB começa a atuar para impor o ideário do partido conforme vinha prometendo por anos a fio. A proposta era transferir os recursos do Estado Brasileiro para a promoção do desenvolvimento. E as torneiras financeiras de Brasília começaram a jorrar com força total.
Eleito com uma expressiva votação, o médico ilheense Jorge Viana se mostra um deputado federal atuante e, de forma incansável, consegue transferir recursos federais para as cidades do sul da Bahia. Os parcos recursos para custeio e investimentos de antes mudaram da água para o vinho e os mais diversos setores da economia começaram a receber dinheiro para fazer a roda da economia girar.
E a ação do deputado federal peemedebista Jorge Viana de destrancar o cofre federal se transformou numa fertilização constante para e economia do agro, principalmente a cacauicultura e a dendeicultura, dentre outras. Esforços e recursos não faltariam para o soerguimento da agricultura. De início, Canavieiras e Una foram contempladas para dar o famoso pontapé na industrialização do dendê.
Na direção da Ceplac, Joaquim Cardozo não media esforços para diminuir o tamanho da instituição e promovia o emagrecimento das atividades, prometendo privilegiar apenas agricultura, transferindo as demais para outros órgãos estatais. E um forte aparato na comunicação para acompanhar as atividades políticas na economia foi implantada, no sentido de mostrar o “novo Brasil”.
E num desses sábados uma grande comitiva do Ministério da Agricultura, capitaneada pelo deputado Jorge Viana e Joaquim Cardozo se deslocam para as cidades de Una e Canavieiras para a solenidade de transferência desses recursos. Com a inflação galopante daquela época não consigo lembrar o valor exato dos recursos, só lembro que era múltiplo de 5 (50, 500,?) nem se eram milhões ou bilhões de cruzados.
Porém minha memória não esquecerá – jamais – as solenidades realizadas para repassar os recursos aos municípios contemplados. Por obra do destino, Tyrone Perrucho exercia a chefia do Núcleo de Comunicação (ex-Dicom) e seu pai Wallace Mutti Perrucho era o atual prefeito de Canavieiras, o anfitrião principal dessa grande festividade que poderia dar uma guinada na cultura do dendê.
E uma efeméride dessa magnitude não poderia passar em branco, deixar de ser realizada com todos os requintes para atender e ressaltar o trabalho dos benfeitores da economia regional, que a partir de então olhavam com bons olhos o antes desprezado sul da Bahia. Seria realizada uma recepção digna das promovidas pelo Itamaraty aos chefes de Estados estrangeiros e seus representantes, sem esquecer os mínimos detalhes.
Para prestar um serviço de primeiro mundo, o jornalista Tyrone Perrucho assessorou o prefeito Wallace Perrucho, contratando a equipe de garçons da Ceplac, comandada pelo maitre Mário, com as recomendações de que deveria ser um serviço perfeito. Outra equipe ficou responsável para decoração do Clube Social, bem ao estilo do Baile da Ilha Fiscal, o último dado pelo Imperador Pedro II, no que se refere ao luxo e ostentação.
No cardápio, somente frutos do mar (o que não era do paladar de Tyrone Perrucho), com ostras gratinadas, de moqueca e cruas, servidas ao azeite português e suco de limão; patinhas de caranguejos a milanesa, a famosíssima cabeça de robalo, que era a mais nova atração da gastronomia canavieirense; moquecas de robalos; polvos e lulas defumados, em vinagrete; mexilhões, lambretas e outras refinadas iguarias da rica costa marinha brasileira.
Não me sai da memória a carta de vinhos e os vários tipos de whisky, como Chivas Regal e Old Parr, todas acima de 12 anos, e cervejas extras. Assim que entramos no clube, uma mesa localizada em frente a saída da cozinha estava reservada para a equipe da comunicação da Ceplac. Deve ter sido escolha pessoal do nosso chefe Tyrone Perrucho, no intuito de privilegiar seus comandados, entre eles, eu.
Confesso que fiquei surpreso com tamanho requinte e sofisticação em Canavieiras, mas não economizei esforços para demonstrar minha elevada satisfação aos anfitriões, que não mediram esforços em receber os visitantes e benfeitores. E como dizem Deus escreve certo por linhas tortas, pois seu Perrucho, como chamávamos Wallace, até pouco tempo era apenas vereador, quem sabe, vice-presidente da Câmara. Ainda bem que se tornou alcaide.
E foi um golpe de sorte, como dizem: O prefeito Boinha Cavalcante, não ia bem na administração e estaria ameaçado de cassação. Porem quis o destino que ele sofresse dois acidentes: vítima de capotamento de veículo na praia e outro ao mergulhar no rio, o que lhe afetou a coluna. Como o seu vice-prefeito Holmes Humberto de Almeida (do então distrito de Santa Luzia) tinha morrido recentemente, o substituto sairia do Legislativo.
E aí Wallace Mutti Perrucho tira a sorte grande, com a desistência do presidente do Legislativo em assumir à Prefeitura, pois reconheceu que não estaria preparado para uma empreitada desta magnitude. Abdicou do cargo de presidente e, por maioria, os vereadores fizeram valer o regulamento, escolhendo e dando posse a Perrucho como presidente da Câmara e, subsequentemente, ao cargo maior do Executivo canavieirense.
Voltando à nababesca recepção, logo após, vozes descontentes da oposição tentaram desqualificar a sublime festa, sobre o pretexto de que o evento teria custado mais do que os recursos transferidos pelo Governo Federal ao município de Canavieiras. Não cheguei a fazer os cálculos, até porque a matemática não é meu forte, mas acredito mesmo que se tratava apenas de uma ação política para tentar desqualificar a qualidade da festa promovida com muito esmero por seu Perrucho.
*Radialista, jornalista e advogado.
quinta-feira, 7 de dezembro de 2023
A RIVALIDADE ENTRE ILHÉUS E ITABUNA NO FUTEBOL
A RIVALIDADE ENTRE ILHÉUS E ITABUNA NO FUTEBOL
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Até o trem de ferro foi tomado pelos ilheenses |
Por Walmir Rosário*
As relações de amizade entre a população e autoridades de Itabuna e Ilhéus nunca foram das melhores e remontam desde o tempo em que Itabuna era Tabocas, distrito de Ilhéus. A inimizade foi ampliada com a autonomia político-administrativa e se tornou mais acirrada com as disputas futebolísticas entre as equipes das duas cidades, o que perdura até os dias de hoje, sem qualquer prazo para acabar.
No livro “Bahia, Terra, Suor e Sangue; lembrança do passado/História da Região Cacaueira, o autor José Pereira da Costa narra, com pormenores, a guerra travada entre as duas torcidas. Em 1920, jogaram em Ilhéus o Rio Branco Esporte Clube, de Itabuna, contra o Ypiranga Esporte Clube, de Ilhéus, partida que quase se transformara numa tragédia entre as populações das duas cidades.
Toda essa confusão remonta de 10 de maio de 1897, quando Itabuna solicita ao Conselho Administrativo de Ilhéus, através de um memorando, a sua emancipação de Ilhéus. O memorando foi esquecido numa gaveta qualquer e, novamente, em 1906, foi enviado, desta vez ao governador da Província da Bahia, José Marcelino, azedando ainda mais a frágil relação.
De outra feita, em 1907, por ocasião da inauguração do Palácio Paranaguá, Dr. Xavier, genro do fundador de Itabuna, Firmino Alves, fora convidado na qualidade de orador das festividades. No discurso, prometeu construir prédio ainda melhor de que o Paranaguá para a administração de Itabuna. Resultado, o orador foi apedrejado e teve que voltar para Itabuna escondido.
Mas voltando ao tema que nos interessa, em 1920, para a peleja entre o Rio Branco (Itabuna) e o Ypiranga (Ilhéus), a diretoria do time itabunense fretou um trem especial com 20 classes para atender aos torcedores ávidos para assistir à partida. No dia, saíram bem cedo com destino a Ilhéus, acompanhados da Filarmônica Minerva. Tinha tudo para ser uma grande festa de congraçamento entre as duas cidades.
Entretanto, o jogador João Rego, do Rio Branco, logo após de ter feito o primeiro gol e o único da partida, sofreu uma agressão do filho do Dr. Soares Lopes, e teve o nariz quebrado. Jogo paralisado e início de briga entre as duas torcidas. Para cessar o grande tumulto, pessoas das duas cidades, pediram paz, embora alguns ilheenses passassem a jogar água quente nos itabunenses.
Não bastasse a briga em campo, pessoas influentes pressionaram a direção do Hotel Coelho para que fechasse as portas, não permitindo, sequer, que os jogadores pegassem suas roupas. Como a direção da estrada de ferro era de Ilhéus, tampouco permitiu que o trem fretado fosse liberado para retornar a Itabuna. Por onde passavam, laranjas podres, cebolas, ovos e outros objetos eram atirados nos itabunenses.
Após muitas discussões e promessas de morte, enfim, conseguem o compromisso para a liberação do trem, puxado pela máquina de número 12 e empurrada pela de nº 01 para subir com as 20 classes na serra da Baleia. Antes, porém, o trem parou, e para surpresa de todos, os maquinistas tinham sumido. Armaram uma emboscada para deixar os itabunenses no meio da estrada.
Diante do desespero, eis que surge um cidadão chamado Belmiro, que se encontrava em Itabuna a passeio e viera assistir ao jogo, e se apresenta como maquinista. E Belmiro conduz a máquina e os passageiros são e salvos a Itabuna, chegando por volta das 4 da manhã. Mas apesar das agressões sofridas pela grande comitiva de Itabuna, o jogo que não terminou estava com o placar de Rio Branco 1X0 Ypiranga, o que valeu para “lavar a alma” dos itabunenses.
Pelo que se sabe, esta foi a primeira das guerras no futebol entre os papas caranguejos e papas jacas que se tem notícia. Mais não foi a única. A cada jogo entre os times ou seleções das duas cidades os torcedores se incumbiam de recepcionar a torcida alheia, se armando com pedras, paus e o que mais lhe aparecia às vistas. Bastava escolher um local em que os caminhões passassem devagar para iniciar a artilharia.
E esse espírito beligerante permaneceu por muito tempo, e cada torcida culpava o adversário pelo início da animosidade, que se transformou em grandes confrontos. Com o início do Campeonato Intermunicipal de Amadores da Bahia, as batalhas campais se perpetuaram, chegando à profissionalização dos times de futebol. Somente a partir de 1980 é que as torcidas de Ilhéus e Itabuna selaram um armistício e a paz voltou a reinar nos jogos de futebol entre as duas cidades.
*Radialista, jornalista e advogado
quinta-feira, 30 de novembro de 2023
A Cronica de Walmir Rosário
A CORRIDA ENTRE O CACAU DA BAHIA E DA AMAZÔNIA
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O cacau, da amêndoa ao chocolate - Foto Águido Ferreira - Ceplac |
Por Walmir Rosário*
Por muitos e longos anos o cacau produzido na Amazônia era visto como de qualidade inferior. E realmente foi. Mas essa realidade faz parte do passado e a cada dia a lavoura cacaueira amazonense nos surpreende, principalmente nos estados do Pará e Rondônia. E o chocolate produzido lá pelas bandas do norte brasileiro vem ganhando prêmios e mais prêmios nos eventos internacionais.
E essa mudança não surpreende os que veem a cacauicultura brasileira com um olho no padre e outro na missa, como se diz. É verdade que ainda existe aquele cacau nativo e de qualidade inferior, cercado de vassoura de bruxa por todos os lados, mas estamos falando das novas plantações, incentivadas pela Ceplac e tão combatida pelos cacauicultores do Sul da Bahia.
Pra começo de conversa, o pé de cacau plantado na ponta do facão hoje só pode ser visto nos livros do conterrâneo Jorge Amado e essa nova cultura é cercada de conhecimento científico. A genética foi revirada pelo avesso, a clonagem é o assunto do momento, a produtividade é a marca a ser batida. Porém, a qualidade do produto final, o chocolate, é a galinha dos ovos de ouro dos bons produtores.
Quem é do negócio chocolate não se surpreendeu quando a revista Forbes estampou que Rondônia produz o melhor e mais espetacular cacau especial do Brasil. E o anúncio foi feito justamente em Ilhéus, por ocasião do Concurso Nacional de Cacau Especial do Brasil – Sustentabilidade e Qualidade, nesta sexta-feira (24). Na terra do maior concorrente.
Um dos prêmios foi concedido ao produtor Robson Tomaz de Castro Calandrelli, do sítio Três Irmãos, no município de Nova União, em Rondônia, vencedor na categoria mistura. Já na categoria varietal (única variedade genética de cacau), o vencedor foi Deoclides Pires da Silva, da Chácara Tiengo, em Jaru, em Rondônia, cuja lavoura foi implantada pelos seus pais em 1970.
Outros produtores de Rondônia e do Pará também foram premiados. Da Bahia, especificamente, Ilhéus, subiu ao pódio, como disse a Forbes, a produtora Marina Paraíso. Ao que parece, na cacauicultura, o sol já nasce para todos, desde que o produtor busque o seu lugar com os conhecimentos científicos disponíveis e os que ainda estão por vir.
Não encaro esse concurso como uma derrota dos cacauicultores baianos, mas como um alerta de que não basta cair, anualmente, cerca de mil e quinhentos milímetros de chuvas bem distribuídas; a sombra da Mata Atlântica; os solos excepcionais do Sul da Bahia; a melhor fermentação e os notáveis barcaceiros. Há anos o cacau está sendo produzido a pleno sol, com irrigação e o conhecimento dos produtores do cerrado, tudo isso sem os inimigos naturais.
Além da pretendida alta produtividade, como chegar a mil arrobas por hectare, é preciso que o cacauicultor tenha em vista produzir cacau de qualidade, como muitos vêm fazendo com “os cacaus finos” no Sul da Bahia. Para o cacauicultor, a premiação não é um afago ao ego, mas o consequente sobrepreço no seu produto, em amêndoas ou em chocolate pronto. Mais dinheiro no bolso.
Por se tratar a cacauicultura iniciativa privada, sem gozar das antigos benesses dos subsídios governamentais, poderemos assistir a uma disputa mais acirrada no próximo ano. E garanto que será páreo cada vez mais duríssimo com a entrada do cacau do cerrado. Essa competição nos mostra, ainda, a especialização dos produtores de cacau in natura (amêndoas) e em produto final, o chocolate.
Não poderia deixar de dar um testemunho sobre a melhoria da qualidade da cacauicultura da Amazônia, desde os anos 1990, quando assistimos aos mais diversos experimentos. E eles sempre visavam um produto de qualidade e mais dinheiro na sua conta bancária, a exemplo do sombreamento de cacaueiros com mogno e outras espécies de madeira de lei. Um consórcio que unia o útil ao agradável.
E registramos esse incremento da cacauicultura nos estados de Rondônia e no Pará, especialmente às margens da rodovia Transamazônica, locais que estão recebendo os “louros” pelo excelente tipo de investimento e administração. E mais, os cacauicultores da Amazônia, de cerca de 40 anos pra cá, somente foram conhecer o cacau assim que chegaram do sul do país à Amazônia.
Lembro-me, que nesta época, os bancos do Sul da Bahia queriam distância dos produtores de cacau, enquanto os da Amazônia visitavam os cacauicultores com tentadoras propostas de financiamento à lavoura. As agências bancárias disputavam as exposições da Ceplac como forma de atrair os agricultores, o que chamou a nossa atenção (eu, que editava a revista “Ceplac, um bom caminho”, o jornalista Odilon Pinto, e o fotógrafo Águido Ferreira).
O certo é que os tempos mudaram e a cacauicultura não sobrevive mais do choro por preços melhores nos mercados interno e internacional, tampouco de financiamentos subsidiados e dívidas perdoadas. A realidade atual é oferecer ao exigente mercado cacau em amêndoas e/ou chocolate, de qualidade superior. Quem oferece o melhor produto recebe, em troca, preços especiais.
São as leis do mercado.
*Radialista, jornalista e advogado
domingo, 26 de novembro de 2023
apoesiadominical
As cores da minha Alma
Não quero que a minha alma me dê adeus
Enquanto eu estiver dormindo.
Não quero que o meu coração pare de
bater quando
Você estiver ausente.
Não quero perecer sem as estrelas,
não
Acompanhar As cores do meu corpo
Que se ausenta, mergulhando na
Escuridão da tumba que serei
enclausurado,
Em busca das promessas Divinas,
De um dia acordar.
Não quero perecer dormindo, sem antes
Ver os seus olhos fitando os meus,
Num Adeus final.
Quero perecer entre madrugadas
insones
Entrelaçando as suas mãos em forma de
Oração matinal.
Quero perecer antes das suas lágrimas
que
Não deverão molhar o seu rosto por
mim.
Que venha o Réquiem dos Arcanjos e
aquela música
Que me acalentou nos cabarés, antes
De o garçom servir as últimas doses
que
Beberei ouvindo os sinos dobrarem!
Por quem?
Ah, insensatez
Ah, insensatez que afloram na minha pele,
Quando tenho medo de te amar.
Ah, insensatez que nasce nos meus
olhos,
Quando já não sou ouro ou madeira,
pérola de ostras talvez,
Não valiosa quanto às íris dos seus
olhos, porque eu não sei.
Ah, insensatez que não me alimenta
das sensações,
Nas correntezas cardíacas, similares
que pulsam no meu
Peito nu.
Ah, insensatez das promessas que fiz
recíprocas talvez.
Ah, insensatez que brotam como beijos
roubados,
Batalhas vencidas e amores insensatos
que ainda me deixa
Sonhar com o Eu te Amo.
Ah, insensata cheia de memórias que atravessa-me
Nas escuridões, nos breus, ou no
sangue coagulado
que escorre em minhas veias, não como
prantos, mas como
imberbes promessas, que mata a
insensatez que mora em mim.
Insensatez! Ah, loucuras que agora
devoro, entre as distâncias
e os acalantos que cantastes pra mim.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
O ESPORTE BRETÃO – DE TABOCAS A ITABUNA
O ESPORTE BRETÃO – DE TABOCAS A ITABUNA
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Sport Club Foot-Ball Brazil: Silvino Pires, Liano Mota, Antônio Costa, Gustavo Almeida, Manoel Almeida, Antídio Moraes, Francisco Barbosa, Francisco Menezes e Antônio Menezes. (1912) |
Por Walmir Rosário*
Não é de hoje que o futebol faz parte da vida do itabunense. Por essas bandas o esporte bretão já campeava desde os tempos em que Itabuna ainda era distrito de Ilhéus, conhecida como Tabocas. Jogadores não faltavam para as exibições nas tardes de domingo, com o que tinha de melhor na sociedade esportiva local. Contudo, nos falta registro sobre quem e como foi introduzido o futebol na inóspita Tabocas daquela época.
Com a sonhada independência de Ilhéus, em 1910, os futebolistas começaram a se organizar em times, com a finalidade de comemorar a emancipação político-administrativa. É daí que nasce o União Brazil, em 20 de julho de 1910, disputando jogos na cidade e na região, até a fundação do Guarani Esporte Clube, oficialmente os dois primeiros clubes que se têm notícia em Itabuna.
Se os atletas se rivalizavam nas jogadas em campo, na aparência não era diferente e os uniformes que mais pareciam uma versão dos ternos em tamanho menor, trocando apenas os sapatos por chuteiras e meiões. Se o luxo dos uniformes rivalizava pelo colorido das gravatas, mais, ainda, as arrancadas em direção ao gol adversário. Apesar de “engatinhar”, o futebol já despertava paixão e atraía bons jogadores.
Jogar futebol naqueles tempos era para as pessoas bem mais aquinhoadas, financeiramente, como os comerciantes, compradores de cacau, fazendeiros, advogados e demais profissionais liberais. Mas eram bem-vindos os menos desfavorecidos pela sorte, desde que tivessem habilidade suficiente com a pelota, defendendo, armando jogadas ou atacando. Itabuna soube ser democrata até no futebol, com raríssimas exceções.
Cidade em crescimento, não menos no número de equipes de futebol, e elas rivalizavam nas homenagens aos grandes homens da nossa história, mesmo os que não tinham nenhuma intimidade com a redonda. Datas importantes como 2 de Julho e 7 de Setembro disputavam partidas com Ruy Barbosa, Tiradentes, Castro Alves, Riachuelo e até com a Princesa Isabel. Bons tempos aqueles!
E a prática do esporte bretão na Itabuna em formação cresceu em tamanho e qualidade, chamando a atenção dos times de Ilhéus e seus distritos, bem como despertou paixões nos torcedores itabunenses. A cada contenda fora dos limites, os times eram acompanhados de uma enorme e barulhenta torcida, que não costumava trazer desaforo para casa. A meta era sempre a mesma: vencer e vencer!
Nos escritos do historiador José Dantas de Andrade (Dantinhas) estão atestados que muitos dos times tiveram breve vivência e que os torcedores passaram a engrossar as fileiras das melhores equipes, como a Rio Branco e Ipiranga. Nesses jogos de maior rivalidade, os torcedores costumavam se agrupar em locais diferentes, para mostrar superioridade numérica, costume que se perpetuou.
Porém se o jogo era contra uma equipe adversária de outra cidade, os itabunenses se uniam em torno da equipe local, o que ampliava o confronto dentro e fora de campo. Historicamente, a maior rivalidade era entre as equipes de Itabuna e Ilhéus, que se transformou em uma espécie de guerra particular, com batalhas nas duas cidades. Eram confrontos dentro e fora de campo.
Posteriormente, as torcidas dos times de Ilhéus e Itabuna passaram a ser conhecidas como Papa Caranguejo e Papa Jaca, pela origem marítima e das roças de cacau de cada uma das cidades. Numa dessas batalhas até mesmo um trem foi tomado em Ilhéus para fazer o transporte de volta dos itabunenses. E a história mostra que Itabuna sempre se saiu melhor do que a vizinha praiana.
No início da década de 1930, Itabuna já desfrutava de grandes clubes e importantes jogadores, como o Esporte Clube São José, o Itabuna Futebol Clube e o Clube Atlético Itabunense. Neste ano é fundada a Liga Itabunense de Desportos Atléticos (Lida), com a finalidade de organizar os clubes e o campeonato da cidade. Se já tínhamos times, nos faltava um estádio condizente com a importância de Itabuna.
E com o funcionamento da Lida surgem mais equipes de futebol, a exemplo da Associação Atlética Itabunense, Associação Atlética Janízaros Itabunense, e Grêmio Esportivo Itabunense, este resultante da fusão entre o São José e o América. Em seguida outros clubes como o São Cristóvão, Corinthians e Vasco da Gama, passam a disputar o Campeonato Itabunense de Futebol. Posteriormente, Botafogo, Flamengo, Fluminense, Corinthians, Bahia e Itabuna.
Essa é uma demonstração da paixão do itabunense pelo futebol, que continuou por anos a fio, fazendo história com suas aguerridas equipes amadoras e profissionais, além de inúmeros títulos conquistados. Desde os primórdios da fundação da Vila de Tabocas, o futebol corria nas veias dos itabunenses e se perpetuou até os dias atuais, formando craques que tantas alegrias proporcionaram aos seus torcedores.
*Radialista, jornalista e advogado
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