terça-feira, 15 de dezembro de 2015

alhos & bugalhos
O Discurso de V de Vendetta
 
Boa noite Londres, permitam-me desculpar-me pela interrupção. Eu, como muitos de vocês, aprecio o conforto da rotina do dia-a-dia - a segurança do familiar, a tranquilidade da repetição. Eu as aproveito da mesma forma que qualquer um. Mas no espírito da comemoração, onde aqueles eventos importantes do passado, geralmente associados com a morte de alguém ou com o fim de algum confronto sangrento, são celebrados com um belo feriado, Eu pensei que poderia marcar este 5 de novembro, um dia tristemente esquecido, tirando algum tempo da nossa vida corriqueira para sentar e ter uma conversinha.

Há aqueles, é claro, que não querem que conversemos. Eu suspeito que, até mesmo agora, ordens estejam sendo gritadas em telefones e homens armados em breve estarão a caminho.

Por quê? Porque enquanto o porrete pode ser usado no lugar da conversa, palavras sempre reterão seu poder. Palavras oferecem o caminho para o significado e, para aqueles que ouvem, a enunciação da verdade. E a verdade é que há algo terrivelmente errado com esse país, não há? 

Crueldade e injustiça, intolerância e opressão. E onde antes você tinha a liberdade para descordar, para pensar e falar conforme sua consciência, agora vocês têm censores e sistemas de vigilância coagindo seu conformismo e solicitando sua submissão.

Como isso aconteceu? Quem é o culpado? Certamente há aqueles que são mais merecidamente culpados que outros, e eles irão responder por isso, mas, novamente, pra falar a verdade, se você está procurando o culpado, tudo que tem a fazer é olhar-se no espelho.
Eu sei porque você fez o que fez. Eu sei que você estava com medo. Quem não estaria? Guerra, terrorismo, doença. Havia uma miríade de problemas que conspiravam para corromper sua razão e roubá-lo de seu bom senso. O Medo se aproveitou de você e, no seu pânico, se voltou para o seu Governo. Ele te prometeu ordem e progresso, ele prometeu paz, e tudo que exigiu em retorno foi o seu silencioso e obediente consentimento.

Hoje eu busco quebrar esse silêncio. Hoje, eu destrui o Old Bailey para lembrar a este país o que ele aparentemente esqueceu. Mais de 400 anos atrás, um grande cidadão inglês quis imprimir o 5 de novembro em nossas mentes para sempre. Sua esperança era lembrar ao mundo que igualdade, justiça e liberdade são mais que palavras, são perspectivas.

Então, se você não vê nada de errado, se os crimes deste governo se mantém na periferia da sua mente, então eu sugiro que você deixe o 5 de novembro passar sem alarde.

Mas, se você vê o que eu vejo, se você sente o que eu sinto, se você busca o que eu busco, então fique ao meu lado HOJE e, juntos, daremos a eles um 5 de novembro que nunca, jamais, será esquecido.

Assinado :V

Por hoje é só... Vou Guardar a Tesoura, a agulha e a linha: Ponto Final.*Redação: O Bolso do Alfaiate

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