|
O tempo passou e a economia brasileira não sofreu grandes
impactos. Aliás, nossas exportações estão batendo recordes mesmo após o
tarifaço. No
fim das contas, quem mais sofreu foi o governo dos EUA, que passou a ser
pressionado por empresários para revogar as tarifas contra o Brasil.
Lula não precisou ligar. Foi Trump quem ligou, não para
ameaçar com porta-aviões ou com bombas atômicas, mas para dizer que os
americanos estão sentindo a falta do café brasileiro. O americano não citou o nome de Bolsonaro
ou condenou a “ditadura do judiciário". Nada disso. Trump chegou
pisando fofo, só no sapatinho.
Três meses após as falas ameaçadoras dos filhos de
Bolsonaro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira foi recebido na Casa
Branca pelo secretário de estado dos EUA Marco Rubio, designado por Trump
para liderar as negociações com o Brasil.
Rubio também é um desses maluquinhos embriagados pela
ideologia de extrema direita tal qual Eduardo Bolsonaro, mas antes de
tudo é um soldado de Donald Trump. Dentro do surrealismo bolsonarista, a
indicação de Rubio para a negociação foi um sinal inequívoco de que o
governo americano iria jogar duro com o Brasil.
Os afagos de Trump seriam parte de uma estratégia de
negociação para puxar o tapete do brasileiro.
Um dia antes da reunião com o chanceler brasileiro, integrantes do governo americano
deram declarações acusando o judiciário brasileiro de perseguir até
cidadãos americanos. O Representante Comercial dos EUA,
Jameson Greer, afirmou
que a maior parte da alíquota sobre o Brasil é explicada pela “imensa
preocupação acerca do Estado de Direito, censura, e direitos humanos”
no país.
A declaração acendeu um alerta no Itamaraty e deixou o
bolsonarismo em festa. Os
nepobabys do golpismo, Paulo Figueiredo e Eduardo Bolsonaro, comemoraram
nas redes sociais. Esse seria um sinal claro de que
o governo dos EUA iria tratar de pautas políticas nas conversas com o
Brasil.
Bom, a reunião aconteceu e ambos os representantes dos
governos saíram dela satisfeitos. A
gritaria de Eduardo Bolsonaro e dos trumpistas mais obcecados
ideologicamente não sentou à mesa com os adultos.
Mais uma vez, o
nome de Bolsonaro não foi citado e os assuntos
políticos internos do Brasil não foram objeto de discussão. O clima foi de cordialidade e não houve
qualquer intimidação à soberania brasileira. Assim
como o presidente dos EUA, Rubio teve que pisar fofo com o Brasil.
Confirma-se o que já se supunha: o bolsonarismo foi mesmo largado ferido
na estrada por Trump. Mais do que um maluquinho de
extrema direita, o americano é um homem de negócios. Se for do interesse dele, até química com
líderes de regimes comunistas pode rolar. Amigos, amigos negócios à parte.
Não nos esqueçamos da excelente relação que Trump mantém com
o ditador norte-coreano Kim Jong Un. Ali a química rolou forte. Em 2017,
Pyongyang lançou uma série de testes de mísseis provocativos, aumentando
a tensão com os EUA e motivando provocações de Trump a Kim no Twitter.
Depois dessa rusga inicial, os dois líderes passaram a trocar cartas
respeitosas — classificadas por Trump como “cartas de amor” —
e se encontraram três vezes. "Você e eu temos um estilo único e uma
amizade especial". escreveu Trump em uma das cartas. Isso demonstra
que, ao contrário dos delírios bolsonaristas, Donald Trump não tem
grandes compromissos com ideologias.
Ambos os países classificaram o encontro como positivo e
publicaram uma nota em conjunto — uma clara demonstração de que os dois países estão se
entendendo. As conversas sobre tarifas ainda não
aconteceram, ainda é um primeiro passo, mas já está definidio que
assuntos políticos não entrarão em pauta nas próximas rodadas de negociações.
Mauro Vieira declarou ao sair da reunião: “Prevaleceu uma atitude construtiva, com
aspectos práticos para a retomada das negociações entre os dois países.
Há boa química entre os governos, e o diálogo está aberto.”
O bolsonarismo balançou o rabinho, fez festinha para Trump e até
ganhou alguns biscroks dele ao conseguir que autoridades sofressem
sanções com a Lei Magnitsky. Mas nada além disso. A realidade dos fatos se impôs e as
fantasias bolsonaristas foram barradas das negociações.
Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo continuarão vivendo de
migalhas que alimentam suas narrativas delirantes. Mas agora a conversa será entre os
adultos, as crianças birrentas e suas demandas ficam de fora. Dá
pra dizer com tranquilidade que hoje é mais fácil o Eduardo Bolsonaro ser
deportado do que um porta-aviões aparecer no Lago Paranoá.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário