Itabuna comemora 100
anos de força e maturidade

A história de Itabuna
está indissoluvelmente ligada a um eclesiástico: Frei Ludovico de Livorno.
Carismático, místico – consta que ele tinha poderes sobrenaturais – o
ex-capelão do exército de Napoleão chegou às terras grapiúnas em 1807. Sua
missão era catequizar os índios pataxós na famosa Vila de Ferradas. Missão
difícil. Espinhosa. Ainda mais sabendo que muitas tribos indígenas eram
descendentes dos selvagens antropófagos aimorés botocudos, raça onde predominava
os instintos mais grosseiros e sanguinários. Frei Ludovico – conta a história –
não desanimou como não desanimaram os primeiros desbravadores, Felix Severino
do Amor Divino e Manoel Constantino. Anos mais tarde, viajando quilômetros a
pé, na mata adversa, os pioneiros chegaram ao local onde denominaram
“Marimbeta”, com o objetivo de instalar uma “Taboca” (roça). O ano era de 1857,
cem anos antes de um outro desbravador – Iuri Gagarin – desbrava o espaço para
a corrida à lua.
Na época o cacau não
sonhava em existir como cultura predominante. Os pioneiros faziam suas roças de
subsistência e plantavam um pouco de tudo. O mestre Adonias Filho, em seu
trabalho “A Civilização do Cacau”, explica que somente o atraso da colonização
da capitania de São Jorge dos Ilhéus – em virtude da agressividade dos índios –
impediu a transformação da paisagem regional. O que a coroa portuguesa mais
queria era a cana-de-açúcar e por três séculos os donatários não conseguiram
implantar a monocultura. Finalmente, diminuída as hostilidades, foi propiciada,
já no século XIX, a arrancada para a cultura cacaueira.
A força econômica e
política de Itabuna logo floresceram e muito antes do final do século XIX já
havia movimentos reivindicatórios levantando a bandeira da independência.
Ilhéus, como convinha não queria deixar. Aliás, até hoje, a política ilheense
evita o desmembramento inevitável de Inema, Pimenteira e Banco Central, seus
distritos mais distantes (e dos mais ricos). Finalmente, “Tabocas”, como era
chamada, foi elevada a categoria de cidade pela Lei nº. 807 de 28 de julho de
1910.
Outras cidades
conseguiram sua emancipação posteriormente. Itajuípe, Barro Preto, Itapitanga,
Coaraci, Ibicaraí e Almadina. Nenhuma delas, contudo conseguiram a pujança
econômica e política de Itabuna. A antiga “Tabocas” é, hoje sinônimo de
desenvolvimento no interior baiano. Municípios com inúmeras indústrias e
estabelecimentos bancários e comerciais, atacadões, emissoras de televisão, várias emissoras de
radio AM e FM, liderança na produção e comercialização do cacau.
Itabuna é, hoje, a
metrópole do futuro.
(Texto do itajuipense
Mário Luiz – transcrito da edição nº 05 da Tribuna do Almada – Itajuípe -1989)
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