quarta-feira, 19 de outubro de 2011


Ministro afirma que acusações contra ele são criminosas

Saulo Cruz
Audiência com Ministro do Esporte, Orlando Silva
Ministro diz que policial que o acusa não  tem provas.
O ministro do Esporte, Orlando Silva, reiterou nesta terça-feira que não cometeu irregularidades na execução do programa Segundo Tempo, voltado à prática esportiva entre crianças e adolescentes.

Em depoimento de quase quatro horas a três comissões da Câmara, Silva chamou de “desqualificado, criminoso e bandido” o policial militar João Dias Ferreira, que presidia uma ONG conveniada para participar do programa Segundo Tempo e acusou o ministro de receber pacote de dinheiro desviado do programa. A acusação de Ferreira, que foi preso pela Polícia Civil de Brasília em 2010, foi publicada na última edição da revista Veja.

"Se há o que denunciar, que faça, procure a polícia, o Ministério Público, a imprensa. Faça a denúncia e prove. Até agora, esse desqualificado não provou nada, porque não tem provas. Quem tem provas contra ele sou eu, os autos dos processos que fizemos para recuperar os recursos públicos”, disse o ministro, apresentando, sob os aplausos de deputados governistas, papeis do processo judicial contra João Dias Ferreira por suposto desvio de verba pública e enriquecimento ilícito.

Processo judicial
O policial militar comanda duas ONGs que receberam recursos em convênios com o Ministério do Esporte e responde a processo judicial que tramita em segredo de Justiça no qual o Ministério Público pede a condenação dele e a devolução de R$ 3,17 milhões aos cofres públicos.

"Desde ontem [segunda-feira] tomei algumas decisões para apurar os fatos. Pedi a abertura de inquérito na Polícia Federal para apurar tudo o que está registrado na revista, coloquei todos os meus sigilos à disposição, impetrei pedido no Ministério Público para abrir investigação para desnudar tudo o que está na reportagem; pedi audiência na Comissão de Ética Pública da Presidência da República", declarou o ministro. Toda a bancada do PCdoB, de 15 deputados, estava presente na audiência pública.

Reunião da oposição
Ao mesmo tempo em que era realizada a audiência, João Dias Ferreira se reunia com parlamentares da oposição, no Senado. Ele disse que está recebendo ameaças e reafirmou que as denúncias são verdadeiras, mas não apresentou nenhum documento que comprove o desvio de dinheiro público. “Vão surgir nos próximos dias diversos documentos para provar essa situação”, afirmou Dias.

O PM deveria ter prestado depoimento nessa terça à Policia Federal, em Brasília, mas não compareceu. Alegou motivo de força maior e informou que o depoimento à PF foi remarcado para a próxima quinta-feira (20). “Não estou atacando o ministro Orlando Silva. Estou tentando revelar um sistema fraudulento que está no interior do ministério do Esporte”, disse.

João Dias disse que nos próximos dias será divulgada degravação do áudio de uma reunião, feita em abril de 2008, no ministério do Esporte. “Foi uma reunião, na calada da noite, no sétimo andar do ministério, na sala do então secretário-executivo (cargo ocupado à epoca por Orlando Silva). Era para tratar de assunto de prestação de contas”.

Provas inegáveis
O líder do DEM, deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (BA), que participou da reunião fechada com o policial, relatou que o depoimento de Ferreira foi “estarrecedor”. “O depoimento traz detalhes e informações que não foram divulgadas pela imprensa, demonstra a existência de provas materiais inegáveis sobre as denúncias feitas contra o ministro e todo o seu ministério. Eu entendo que o depoimento dele tem que ser de conhecimento do Brasil, e não de propriedade apenas dos partidos de oposição”, declarou.

Nova audiência
ACM Neto pediu a aprovação, por consenso, de um requerimento para ouvir João Dias Ferreira o mais rápido possível. O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Sérgio Brito (PSC-BA), anunciou que colocará o requerimento em votação na reunião ordinária de amanhã.

O líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP), confirmou que João Dias Ferreira se dispôs a comparecer à Câmara amanhã para prestar seu depoimento se forem cumpridos os ritos regimentais. Nogueira chegou a afirmar que o policial “teme pela sua vida” - declaração que foi ironizada por alguns parlamentares.

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), questionou a conduta do policial e disse que ele precisa apresentar provas. “Por que ele não apresentou as provas para a Policia Federal? Ele veio ao Congresso porque quer palanque. Não conheço esse cidadão e não sei qual é o interesse dele. Acho esse comportamento esquisito”, declarou. (Ag. Câmara)

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