Iuta "parecia em febre" quando viu pela primeira vez a Baía do Pontal. Linda!!!

Hoje (terça-feira 28 de junho) é aniversário de Ilhéus.

Trecho do romance “Luanda Beira Bahia” de Adonias Filho (editora Bertrand Brasil).

“A noite escondeu o mar, nem tão claras as estrelas para mostrá-lo, mas os marinheiros sentiram a diferença. O balanço agora leve, o vento impetuoso nas velas, o cheiro distante de terra e florestas, aquele já era o mar de Ilhéus. Os rios, que vinham rasgando o chão, ali misturavam as águas. Esperasse e Iuta esperasse um pouco que veria a manhã de mais luz em todo o mundo! Unidos, de pé na coberta, aguardavam a madrugada. Não tardou muito para que Caúla exclamasse:

- Veja!

Já era Ilhéus na claridade, o casario a espichar-se na costa, a espalhar-se nos morros e nos baixios, o mar a se acurvar para fazer a pequena baía. E, na curva mesma daquela barra estreita, avistaram o Pontal. Iuta parecia em febre, o corpo quente, o coração a bater apressado e, por si mesma, descobriu a jindiba. Mostrou a Caúla, dizendo:

- É uma arvore do tempo do paraíso.

Devia ter sangue e músculos, criatura que respirava e sentia, memória houvesse talvez se lembrasse de Caúla menino. Vinha acompanhando a barcaça, velames cantando na pressão do vento, marujada se aprontando para a ancoragem. Alta, enorme, sua folhagem cobriria uma ilha. Atrás, porém, já se aproximavam tangidas da selva e das florestas dos cacaueiros. Nuvens grossas e pesadas que não tardariam a sombrear Ilhéus, virando chuva, agitando o mar. Esperaram, arrastando-se, que a barcaça ancorasse, Caúla e Iuta se despedissem de mestre Vitorino, tomassem a canoa e chegassem ao Pontal. A ventania baixa já movia a areia e castigava os coqueiros.

- Estamos em casa – Caúla disse.”

(blogdogusmao)