quinta-feira, 8 de abril de 2010

Wagner escreve história com reparação

O governador Jaques Wagner recebeu nesta quarta-feira, Dia do Jornalista, a família de Manoel Leal, fundador do jornal A Região, para cumprir mais uma etapa estipulada pela Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA).

reparacao

Nela, foi paga uma indenização, a ser dividida pelos membros da família do jornalista. A reparação é reconhecimento do estado de sua responsabilidade na preservação da vida dos profissionais de comunicação e na garantia da liberdade de expressão.

A postura do governador e suas ações diante do caso, assumindo a responsabilidade do estado e cumprindo o acordado com a OEA é fato inédito na história do Brasil e servirá de "farol" para os futuros crimes contra a imprensa.

Além de Manoel Leal, na década de 1990 nove profissionais da comunicação foram executados na Bahia. Leal foi assassinado em janeiro de 1998, quando voltava de carro para casa, a poucos metros do Complexo Policial. Ele foi executado com seis tiros.

Até hoje a polícia não apontou os mandantes da execução. Por isso, o governo do estado enviou ofício ao procurador-geral da Bahia, Wellington César Lima e Silva, pedindo o desarquivamento do inquérito policial para descobrir os mandantes do crime.

Além do governador Wagner, estiveram na solenidade, restrita à família e feita no gabinete do governador, o presidente da Assembleia Legislativa, Marcelo Nilo, que articulou a aprovação da lei que permitiu a indenização.

No encontro, o governador afirmou que "todos sabem que a morte do jornalista Manoel Leal foi um crime programado, pensado, efetivamente de mando político contra o profissional, que deveria ter seu direito de expressão respeitado".

"Ao mesmo tempo, decidi exonerar o policial envolvido. O nosso gesto é de reparar, dando testemunho do nosso compromisso com a liberdade de expressão, com a liberdade de imprensa e com a justiça", destacou.

Wagner destacou que a secretária da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, Luciana Tannus, pediu a reabertura do processo na tentativa de descobrir os mandantes do crime.

O filho de Manoel Leal, Marcel Leal, diz que "todos sabem quem são os mandantes, só faltam provas físicas para condená-los". Para ele, o real valor da indenização é o compromisso do Estado com o caso para evitar futuras tentativas de calar a imprensa.

"O importante é que os futuros governos não possam dizer que a Bahia não teve nada com isso. A posição do governador abre nova 'jurisprudência' para governantes de todo o país, não só da Bahia".

"Na Bahia nada menos que dez jornalistas foram mortos na década de 90, nos governos de ACM e Paulo Souto. A marca que este crimes tiveram em comum foi a impunidade bancada pelo governo do estado, que não investigou nenhum deles".

"Os únicos que tiveram alguma investigação foram o de meu pai e o de Ronaldo Santana, apenas porque fizemos muita pressão e contamos com o apoio das entidades do setor. Mesmo assim, o delegado enviado para o de meu pai manipulou o inquérito".

"Mesmo com todos os entraves do governo passado, se conseguiu provar muitas coisas. Além delas, hoje sei como o crime foi cometido, quem encomendou e quem fez. Não posso falar porque faltam provas físicas", terminou Marcel.

Já a superintendente de Direitos Humanos da Bahia, Denise Tourinho, ressalta que "Esse é um caso emblemático. É um exemplo simbólico, porque daqui para frente não podemos tolerar a violência praticada por membros do poder estatal". (www.aregiao.com.br)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alunos andam 5km até ônibus escolar em Itajuípe

alhos & bugalhos Alunos andam 5km até ônibus escolar em Itajuípe A vida do estudante da zona rural não é fácil. Muitas vezes, as dificul...