quarta-feira, 21 de outubro de 2009


Brasileiro vai gastar até R$ 5 mil para atualizar parte elétrica de sua residência

Victor Martins

O Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro) padronizou as tomadas e plugues de aparelhos eletrônicos no país. Com a medida, o consumidor estará mais protegido contra choques e incêndios por curto-circuito. O custo dessa segurança adicional é que vai ficar alto para o brasileiro, que já começa a ter dificuldades para encontrar tomadas antigas ou os espelhos (moldura que fica em volta da tomada) para substituir os que ficam velhos ou quebrados. De acordo com a padronização, é preciso fazer o aterramento do sistema elétrico das residências, o que pode custar entre R$ 2 mil e R$ 5 mil, valor que varia de acordo com o tamanho da reforma.


Com o novo padrão, some do mercado brasileiro o pino chato e surgem os modelos de dois e três pinos redondos. Na média, o custo da nova tomada para quem precisar instalá-la será de R$ 8,50, produto 118% mais caro que a versão antiga que, em alguns locais, ainda pode ser encontrada a R$ 3,90. Mas, de acordo com empreiteiros e eletricistas, o modelo padrão não é achado tão facilmente. "Está igual pé de cobra, não acha em lugar nenhum. Quem ainda tem estoque da antiga tem uma mina de ouro na mão", afirma o eletricista Jailton Moreira Santos. Há poucos meses, era fácil encontrar produtos completos por R$ 2 - um preço mais de quatro vezes menor.

Antes da normatização, existiam 12 tipos de plugues e oito modelos de tomada, o que, segundo o Inmetro, tornava necessário o "uso indiscriminado" de adaptadores. "Situação que provoca desperdício de energia, favorece curto-circuito e superaquecimento. É um perigo", alerta o diretor de qualidade do instituto, Alfredo Lobo. Segundo ele, nos últimos 10 anos o Corpo de Bombeiros de São Paulo registrou 35 mil incêndios por curto-circuito e mais seis mil por superaquecimento.

Adaptador

Para o eletricista Jailton Moreira, o novo modelo é mais seguro, mas não vai diminuir o uso de adaptadores. "Os clientes preferem não fazer a troca se podem comprar um adaptador, principalmente por causa do custo do aterramento", disse. Em um escritório com quatro tomadas, sem conduíte (tubo por onde passa a fiação elétrica), a reforma ficaria em R$ 1,2 mil.

A empreiteira de Claudiney Araruna já adota a normatização. Todas as casas construídas por ela são feitas com aterramento e tomadas padronizadas. Segundo o construtor, o problema é para quem mora em uma residência antiga. "Só veio para complicar a vida do consumidor. Quem mora em casa antiga vai ter de fazer o aterramento e adaptar alguns aparelhos", afirma. Se o empreiteiro fosse fazer uma reforma com 22 tomadas aterradas, em uma residência entre 150 e 400 metros quadrados, estima que o custo ficaria entre R$ 2 mil e R$ 5 mil. "A maioria das pessoas nem sabe da mudança, é surpreendida quando vai fazer um orçamento ou uma compra", diz Claudiney.

Essa surpresa incomodou o bolso da secretária Danielle Marques, 27 anos. Ela teve de gastar 10 vezes mais do que o previsto para arrumar algumas tomadas de sua casa. Danielle queria comprar apenas os espelhos, estimando que iria gastar cerca de R$ 20 com material e nada com mão de obra. Ela mesmo faria a instalação. Quando chegou à loja e descobriu que não encontraria o modelo antigo, teve que pagar pela versão nova. "Gastei R$ 200 e nem sei ainda quanto vai ficar a mão de obra", lamentou. Além das tomadas, Danielle comprou alguns adaptadores para aparelhos eletrônicos. Por medo de ter problemas de curto-circuito, vai deixar toda a casa dentro dos padrões. "Vou fazer o aterramento logo."

Segundo o Inmetro, fabricantes e importadores de aparelhos eletroeletrônicos não poderão mais produzir e importar equipamentos com plugues antigos a partir de 1º de janeiro de 2010. No mesmo ano, será proibida a venda ao varejo desses produtos. Para os comerciantes, somente em 2011 não será mais permitida a venda de tomadas e plugues antigos. "Há países que gastaram dez anos para fazer essa mudança. Nós faremos de forma mais rápida, mas passaremos algum tempo com tomadas incompatíveis com alguns plugues", ponderou o diretor de qualidade do Inmetro, Alfredo Lobo.
(Correio Braziliense)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Alunos andam 5km até ônibus escolar em Itajuípe

alhos & bugalhos Alunos andam 5km até ônibus escolar em Itajuípe A vida do estudante da zona rural não é fácil. Muitas vezes, as dificul...