sábado, 10 de dezembro de 2011


Alhos & Bugalhos – (8)

Alhos & Bugalhos - Itajuípe 12/12

Publica hoje em homenagem aos 59 anos, de emancipação política-administrativa de Itajuípe, uma Crônica do Historiador Adelindo Kfoury.


Itajuípe – 1952 – 2011 = 59 anos

Falando um pouco de “Pirangi”
*Adelindo Kfoury

Pela mania de bisbilhotar o passado regional, sou cobrado insistentemente a falar sobre as cidades periféricas. Cada uma delas tem seus próprios historiadores, sendo perfeitamente dispensáveis meus alinhavos. Hoje, entretanto, abro exceção para atender a um amigo de infância que não vejo há mais de 60 anos e “aproveitando” minha momentânea fragilidade causada pela emoção, cobrou-me prometida conversa sobre ”Pirangi”, como chamávamos Itajuípe em nosso tempo. Pedindo bênçãos aos mestres Adonias Filho, Vicente Pìres,  Sebastião Otoni de Oliveira, Cemi Jorge Hage, Jackson Hage Midlej, Francolino Neto, Humberto Salomão Mafuz e tantos outros com muito mais pertinência, cometo o atrevimento.
No passado essa região era habitada apenas por índios selvagens, sendo que a partir de 1892 começaram aparecer os primeiros exploradores civilizados, entre os quais Antonio José de Oliveira, Pedro Portela, Joaquim e Miguel Pinheiro. Por volta de 1905, já estavam fixados também outros desbravadores, como João Ferreira, Felix de Lyra, Manoel Baiano, Antonio Ciríaco, Firmo Nascimento, Henrique Berbert, José Lourenço Rocha etc.
Especula-se que por ter construído em 1919 a primeira casa de telhas no povoado, Juvenal Batista Soares seja considerado historicamente como seu fundador. Entretanto, contam historiadores que já em 30 de janeiro de 1914, Francisco Mendes de Moura inaugurou nos limites de sua fazenda um arruado de casinhas franqueadas a chegantes. Sabe-se também que no mesmo ano de 1914, Pompílio José Fernandes abriu um restaurante na porteira de sua fazenda, batizando-o como Café Pirangy, nome copiado de famoso bar existente em Salvador. Razão disso, quem passava por ali adotou o hábito de referir-se a Pirangy e nãos mais Sequeiro de Espinhos. Até seus moradores começaram a ser apelidados como Zé de Pirangy, Pompilio de Pirangy e assim a designação foi se consolidando. Em tal época, naqueles ermos fa floresta, todas as referências de lugar via de regra subordinavam-se a episódio, como “Cinco Porcos”, “Repartimento”, “Ribeirão da Pólvora”, “Fortaleza”, “Empata Viagem” (e cito apenas um exemplo, desse “empata viagem” que nada mais era senão uma birosca onde os tropeiros paravam para matar o bicho com a excelente cachaça vendida, assim tendo suas viagens momentaneamente empatadas...).
Aquele aglomerado de casebres conhecido por Golfo, depois Ouro Preto, por volta de 1919 foi palco de sangrentas batalhas entre as famílias de Basílio de Oliveira e Sinhô Badaró, episódio que influiu até no comércio de cacau, fazendo com que o Governo Federal mandasse um cruzador da Marinha de Guerra fundear no porto de Ilhéus à disposição das autoridades para intervenção militar caso aumentasse a conflagração, que durou cerca de cinco meses e ao seu término deixou um trágico balanço de dezenas de pessoas mortas, além de muitas fazendas invadidas, incendiadas, destruídas, Carlos Pereira Filho em livro “Ilhéus, terra do cacau” afirmou que “correu mais ódio nos corações dos adversários que água no rio do Sequeiro do Espinho. Os moradores sobreviventes refugiaram-se cerca de quatro quilômetros adiante (atual cidade), em frente a um sequeiro no riacho que vinha de dentro da mata e permitia passagem de um lado para o outro andando com água abaixo do joelho, tendo apenas o inconveniente de dolorosas espetadas, porque ali abundavam arbustos cheios de espinhos conhecidos como “unha de gato”. Daí o lugar ficar conhecido como “Sequeiro de Espinho”, nome consolidado em razão de quando foi construído ramal da Estrada de Ferro Ilhéus a Conquista e a pequena estação de passageiros tomar o nome de Ponto do Sequeiro de Espinho.
Quem conhece a história regional, sabe que essa gleba de terras férteis se localizava dentro dos limites do município de Ilhéus, sendo, portanto um seu distrito. Em 17 de dezembro de 1930, o decreto estadual nº 7.137 criou a Subprefeitura de Pirangi, ato confirmado pelo Decreto nº 7.489 em 9/7/931. Na divisão administrativa em 1933, Pirangi aparecia como distrito de Ilhéus. Nessa quadra, homens idealistas como Manoel Soares, Basílio de Oliveira e João Batista dos Santos começaram despertar a população visando a sua emancipação política-administrativa, tanto que em 25 de agosto de 1934 aconteceu grande concentração popular, onde despontaram oradores como dr. Diógenes Vinhais e Pedro Souza. Somente em 1º de julho de 1944, o Decreto Estadual nº 12.978 consolidou seu topônimo para Itajuípe. Fins de 1952, uma comissão constituída por Humberto Badaró, Antonio Fernandes da Silva, Clodoaldo Cardoso, Antonio Gonçalves Queiroz, Davino Alves Silva e Francolino Neto, visitou parlamentares estaduais e o próprio governador, pleiteando a sonhada emancipação. Assim como aconteceu com nossa Itabuna, nos seus tempos de lutas por idêntica finalidade, os lideres itajuipenses nunca descansaram. Muito vigor, muitas ações, incontáveis postulações. Heróicos esforços. Então, mercê a tenacidade de seus cidadãos, não obstante as legitimas-e perfeitamente lógicas-ações judiciais impetradas por Ilhéus, foi criado o Município de Itajuípe através da Lei Estadual nº 507 (publicada no Diário Oficial do estado em 12 de Dezembro de 1952) assinada pelo governador Régis Pacheco na presença de uma comitiva integrada por Francisco Bathomarco Jr., Clodoaldo Cardoso, Montival Lucas, Humberto Badaró, Francolino Neto e João Deway Guimarães.
Este é um esforço de síntese para atender ao pedido do amigo cujo nome determinou preservar. Por ser tão bonita a história dessa pujante estrela da constelação de cidades da região cacaueira que é Itajuípe.

 Pessoas que contribuíram com o Desenvolvimento de Itajuípe

 Professora Maria Ângela

 Lafaiete Souza

 Sátiro Vinhas

 Joviano Mendes, Albertone Pinto, Humberto Badaró, Profª. Meire Gonzaga e Drª. Lourdes Pinillos

 Humberto Augusto Pinto

 Rafael Pêpe

 Igreja Matriz

 Painel de autoria do artista Rafael Pêpe (Exposto na Câmara)

 Câmara Municipal de Itajuípe

 Manoel Leal

 Itajuípe antiga

 Profª. Itália Castro

 Vista panorâmica do Lago

 Manoel Leal, Helio Nunes e Jorge Amado

 Fruto de Ouro

 Brasão do Município

 Adonias Filho (de fardão)

 João Adry e familiares

 Memórias de Itajuípe (Vicente Pires)

 Memórias de Itajuípe (Wanderlito Barbosa)

 Estante da Academia (Dr. Francolino Neto)

 Memórias - Humberto Pinto

 Os irmãos Piaba, Abel e Almir do Correio

 Esporte Club Bahia (Decada de 1950)

 Maciel Barreto - O nosso Casemod

Esta é uma justa homenagem a todos os itajuipenses que de uma maneira ou de outra contribuíram com o desenvolvimento de Itajuípe. Que todos se sintam homenageados através das personagens acima.


Um comentário:

  1. "... começaram aparecer os primeiros exploradores civilizados, entre os quais Antonio José de Oliveira, Pedro Portela, Joaquim e Miguel Pinheiro."... Este Joaquim Pinheiro era meu avô pai de Maria Senhora ,Vitalina Pinheiro da Sila e Eduardo pinheiro da silva,segundo relatos um dos irmaos Pinheiros também fundou a cidade de Pinheiros no Espirito Santo´,fiquei feliz ao poder através dessa materia ter conhecido um pouco da historia do meu avô materno!

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