quinta-feira, 31 de março de 2011


José Alencar deu estabilidade ao Governo Lula, avaliam deputados

Câmara pode editar livro sobre vida parlamentar do ex-vice-presidente.
Rodolfo Stuckert
Presidente da Câmara dos Deputados, Dep. Marco Maia, presidente do Senado Federal, Sen. José Sarney, autoridades e familiares de José Alencar
O corpo de José Alencar segue nesta quinta para Belo Horizonte, onde será cremado.
Deputados presentes ao velório de José Alencar, ocorrido durante toda esta quarta-feira no Palácio do Planalto, destacaram que o ex-vice-presidente marcou sua atuação na República como um homem leal e que garantiu a estabilidade do Governo Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que tenha sido firme na crítica à política de juros. Alencar morreu na tarde desta terça-feira (29), por falência múltipla dos órgãos, após lutar contra o câncer por 13 anos.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), que foi presidente da Câmara dos Deputados durante parte do Governo Lula, assinalou que Alencar foi importante no primeiro mandato para quebrar o temor de algum segmento da sociedade de que Lula pudesse ferir os interesses econômicos. “Alencar nunca foi omisso, mesmo no momento de grave crise no governo [como no ‘mensalão’]; a atitude dele foi exemplar", classificou Chinaglia.

Maurício Rands (PT-PE), que foi líder do governo na Câmara logo depois da crise do ‘mensalão’, entre 2005 e 2006, ressaltou que uma das características de Alencar foi a lealdade ao presidente Lula.
O ex-vice-presidente, disse Rands, poderia ter se articulado para fortalecer um pedido de impeachment, "mas em nenhum momento cedeu à tentação". Na opinião de Rands, a imagem que fica é a de um homem que ocupou os mais altos cargos e nunca perdeu a humildade. "Ele sempre percebeu que quem ocupa cargos públicos o faz para servir à sociedade", disse o deputado licenciado.
Avalista de Lula
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) considera Alencar um homem público diferenciado. Aécio assinalou ainda que o ex-vice-presidente foi "o grande avalista do presidente Lula" na manutenção da estabilidade fiscal e do equilíbrio macroeconômico.
O líder do PR, Lincoln Portela (MG), também considera que Alencar foi um grande avalista do presidente Lula. "Todos nós fomos beneficiados por esse papel", acrescentou.
Para Carlos Zarattini (PT-SP), Alencar, ao mesmo tempo em que foi crítico, contribuiu para dar estabilidade ao Governo Lula. Vicente Candido (PT-SP) ressaltou que o ex-vice foi "ativo, discreto e muito leal ao presidente". Para Fernando Marroni (PT-RS), Alencar foi um exemplo de discrição e de lealdade, além de ter sido um grande negociador nos bastidores.
Alencar surpreendeu os opositores
O líder do Psol, Chico Alencar (RJ), lembrou que a atuação de Alencar na vice-presidência surpreendeu os opositores da aliança do PT com o antigo PL, na primeira eleição de Lula. O deputado lembrou que alguns setores do PT eram contrários à aliança. "Ele foi uma surpresa, pois expressou de dentro do governo a crítica à política econômica e aos juros altos", disse. Chico Alencar acrescentou que o ex-vice-presidente humanizou a função pública pela forma como enfrentou o câncer.
Já a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) informou que o ex-vice dava apoio a ministros em momentos difíceis: "Ele tinha compromisso de dar legitimidade e sustentação sólida ao governo."
Juros 
O líder do PT, Paulo Teixeira (SP), destacou a coerência da trajetória política do ex-vice-presidente. "Ele apontava questões que poucos tinham coragem de apontar", disse Teixeira, ao lembrar as críticas de Alencar à política de juros.

O líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), afirmou que Alencar também representou “o sentimento do povo brasileiro de baixar os juros.”

Autonomia e diálogo
A autonomia de Alencar no exercício da vida pública foi ressaltada pelo líder do PSDB, deputado Duarte Nogueira (SP). "Muitas vezes, ele discordou do governo como forma de fazer um contraponto, representando correntes de opinião da sociedade brasileira."
Duarte Nogueira disse que Alencar não hesitava em questionar o governo para defender o povo brasileiro. Para o deputado, o ex-vice-presidente também deixa o exemplo de exercício da política "com honra, com verdade e com caráter".
Segundo Jonas Donizette (PSB-SP), Alencar influenciava os órgãos do governo e divergia com elegância, opinião com a qual concordou Nelson Pellegrino (PT-BA): “Alencar trabalhou pelo País e, quando divergiu, o fez de forma respeitosa.”

A capacidade do ex-vice-presidente de dialogar com todas as correntes políticas foi outra característica do político ressaltada por parlamentares nesta quarta-feira no Palácio do Planalto. Para o 1º secretário da Câmara, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), Alencar é um exemplo de que se pode fazer política com posição firme sem criar inimizades.
Eduardo Azeredo (PSDB-MG) também ressaltou a disposição do ex-vice-presidente ao diálogo: "Ele tratava a oposição de maneira correta, sem nenhuma diferenciação."
O corpo de José Alencar, que será cremado, segue nesta quinta-feira pela manhã para Belo Horizonte e deve chegar ao aeroporto da cidade às 7h30. Em seguida, haverá cortejo até o Palácio da Liberdade, antiga sede do governo de Minas Gerais.

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