José Alencar, um dos grande homens do Brasil
O ex-vice-presidente da República e empresário José Alencar morreu no inicio da tarde de ontem, no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo. A morte do político, que faria 80 anos em outubro, foi confirmada pela assessoria de imprensa do hospital.
Alencar foi internado às pressas ontem (28), no início da tarde, com um quadro de obstrução intestinal. Há mais de uma década, ele lutava contra um câncer no intestino.
O diretor-técnico do Sírio-Libanês, Antônio Carlos Onofre de Lira, e o diretor-clínico, Paulo Ayrosa Galvão, assinam nota, divulgada depois das 15 horas, em que afirmam que Alencar morreu às 14h41min desta terça-feira, “em decorrência de câncer e falência de múltiplos órgãos.”
CÂMARA SUSPENDE VOTAÇÃO
A Câmara dos Deputados suspendeu até terça-feira da próxima semana (5) as votações em plenário, em homenagem ao ex-vice-presidente José Alencar.
A morte de Alencar deixou os parlamentares emocionados. Seja em entrevistas à imprensa ou em discurso no plenário, os deputados dizem que o Brasil acaba de perder uma das maiores figuras públicas e também do setor empresarial.
Eles lembram também da luta de Alencar contra o câncer e dizem que ele foi um exemplo para aqueles que têm que enfrentar a doença. Os deputados falaram ainda da importância que Alencar teve nos oito anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), decidiu, a pedido de vários parlamentares, cancelar as votações previstas para hoje (29) e deixar a sessão aberta até as 19 horas para que todos possam prestar homenagem a Alencar e solidariedade à família do ex-vice-presidente.
A sessão de amanhã (30) também foi cancelada e Maia anunciou que votações só na terça da próxima semana. Maia também informou que ainda não está decidido se o corpo de Alencar será velado no Palácio do Planalto.
CRONOLOGIA
O ex-vice-presidente José Alencar, falecido nesta terça-feira (29) em São Paulo, onde estava internado, lutou, desde 1997, contra vários tipos de câncer. O primeiro atacou o rim direito, que foi retirado. Também teve que retirar parte do estômago, juntamente com a extirpação do rim. Em 2002, foi operado da próstata e em 2004, da vesícula, sendo que, nesse último caso, foi para a retirada de um cálculo.
A maior parte de sua luta contra o câncer foi, no entanto, para combater um sarcoma no intestino, que começou a ser tratado em 2006. De todos os sarcomas catalogados pela medicina, Alencar sofria de um subtipo chamado fibrohistiocitoma maligno, que é bastante agressivo, apresenta alto grau de recorrência local e metástases. No caso do ex-vice-presidente, os tumores surgiram na camada situada entre o músculo das costas e o intestino, chamada de retroperitônio.
A primeira cirurgia para retirar o sarcoma foi feita em 18 de julho de 2006. No mesmo ano, foi feita outra cirurgia, em 14 de novembro, com sete horas de duração, para retirar mais nódulos no local. Alencar submeteu-se ainda a quimioterapia de 2006 a 2007.Em outubro de 2007 o câncer voltou e houve outra cirurgia. Dois meses depois, novo tumor foi encontrado na região e mais uma cirurgia foi feita. Alencar submeteu-se a novos ciclos de quimioterapia, afora outros procedimentos médicos, como a radiofrequência.
O então vice-presidente continuou seu tratamento contra o câncer e foi internado várias vezes para novas cirurgias, realização de exames e problemas diversos de saúde. Só em 2009 foram feitas três cirurgias: no início do ano ocorreu a primeira para a retirada de 11 tumores no intestino, que durou 18 horas; a segunda e a terceira foram feitas em julho.
No dia 25 de janeiro de 2010, Alencar voltou ao hospital para nova cirurgia, na qual foi retirado um tumor de 12 centímetros e outros menores no intestino, além de parte do intestino grosso e do delgado. Nessa cirurgia, o ureter foi reconstruído com uma parte do intestino delgado.
Em outubro de 2010, sofreu um edema agudo do pulmão e, no dia 20 de novembro do mesmo ano, recebeu uma transfusão de sangue, duas semanas após ter sofrido um enfarte agudo do miocárdio e ser submetido a um cateterismo.
A 14ª cirurgia de Alencar foi realizada no dia 26 de novembro de 2010, na qual foram retirados mais dois nódulos e 20 centímetros de seu intestino delgado. Alencar chegou a sofrer uma arritmia cardíaca no final dessa cirurgia, mas logo se recuperou do problema. Ele teve que ficar internado três meses e não pode participar da posse da presidente Dilma Rousseff, desejo que havia manifestado aos médicos e familiares.
Alencar voltou a ser internado no dia 9 de fevereiro deste ano devido a uma peritonite (inflamação na região abdominal) causada pela perfuração do intestino. Deixou o hospital somente no dia 16 de março.
Desde o final de 2010 estava sendo submetido a sessões de quimioterapia e também de hemodiálise. Conseguiu recuperar-se parcialmente e receber alta, mas voltou a ser internado no dia 28 de março “com quadro de suboclusão intestinal (obstrução do intestino com sangramento), em condições gravíssimas”, conforme o boletim médico divulgado.
Em entrevistas à imprensa, disse que nunca chorou ao receber a notícia de um novo tumor, e comemorava os pequenos progressos que fazia com relação a cada procedimento médico. “Só choro quando me dão uma notícia boa”, dizia. Religioso, expressava sempre sua fé em Deus e repetia uma frase cada vez que lhe perguntavam sobre sua saúde: “Se Deus quiser me levar, Ele não precisa de câncer pra isso… e se Ele não quiser que eu vá, não há câncer que me leve”.
Informações da Agência BrasilAgência Câmara e Agencia Senado. www.ciadanoticia.com.br