Walmir Rosário*
Prometida à sociedade para o início deste ano, a reforma administrativa do prefeito de Itabuna, Capitão Azevedo, perdeu o fôlego e o governo volta a dar sinais de fadiga. Apesar do esforço empreendido pelo prefeito no sentido de avançar, a máquina administrativa não ajuda. Pelo contrário, atrapalha.
Uma última tentativa do Capitão foi implantar o projeto “Prefeitura Móvel” nos bairros mais carentes dos serviços públicos. No bairro Lomanto Júnior, atendeu a expectativa em parte, haja vista o descompasso entre as unidades da prefeitura. Enquanto uns remam pra frente, outros, ao que parece de propósito, tentam dar ré ao barco.
Nessa história, o mais grave é que o comandante tem plena consciência de como agem os “remadores”. Num corpo humano, cada órgão “trabalha” em conformidade com outro, em ajuda mútua. De nada vale ter um coração batendo dentro da normalidade se os pulmões não oxigenam. O sangue, ao invés de alimentar o corpo, vai envenená-lo totalmente.
A Prefeitura de Itabuna, ao contrário, segue como um corpo à beira do colapso, com secretários agindo de forma individualista, como se do governo não fizessem parte.
O prefeito deve (ou pelo menos deveria) conhecer a máxima de que não é possível a alguém estar ligeiramente grávida ou, como mais se assemelha a questão, ser mais ou menos honesto. Ou está, ou não está! Ou é ou não é! E ponto final.
O Capitão Azevedo talvez ainda esteja comemorando a repercussão positiva na sociedade das mudanças feitas em seu governo, respirando aliviado com o tratamento amistoso dos fornecedores, hoje recebendo em dia; a alegria estampada no rosto do servidor, embolsando seu salário antes do final de cada mês.
Só que o prefeito não foi capaz de refletir sobre as mudanças repentinas, embora tenha tido tempo suficiente para tanto, inclusive pela falta do Carnaval, o que lhe obrigaria a assumir uma série de compromissos. Mas não, o prefeito acredita que seu governo deu uma guinada de 360 graus pelo simples movimento de rotação.
O fim dos bloqueios efetuados pela Receita Federal não se deu por um passe de mágica e o mesmo caminho pode ser trilhado para se investigar a atual pontualidade nos pagamentos.
Não é preciso muito exercício de sabedoria para concluir que a reforma administrativa prometida não foi levada a cabo por falta de vontade do “portador da caneta”, que nomeia e exonera. Outra dedução que pode ser feita através de livre raciocínio é que o prefeito estaria impotente para completar o processo.
Essa é a lógica. Se quero e pretendo realizar alguma coisa e tenho poder para tanto e não faço, algum impedimento existe. Seja de que ordem for, torna-se visível, ainda mais quando o músico destoa dos seus pares, está fora do compasso, sem obedecer o ritmo, sem melodia, quebrando a harmonia.
Aliás, por pertencer aos quadros do oficialato da instituição Polícia Militar, o prefeito não deveria admitir a quebra da hierarquia entre seus subordinados, arvorados em autoridades supremas. Sem qualquer desfaçatez, o “apeado” da Fazenda desdiz as ordens emanadas pelo prefeito, estufa o peito e desafia a autoridade.
E a imprensa, tão espezinhada por ele, cala-se. Se na pasta em que tirou plantão tratou a todos com desdém, bateu o pé para ocupar o Governo, achincalhar a Comunicação. Tudo sob os olhares complacentes do prefeito, que se sujeita a ver suas ordens desacatadas, desfeitas, menosprezadas. E o barco continua sem rumo.
À comunidade só resta uma pergunta: a quem ou o que teme Azevedo?
*Jornalista, advogado e editor do www.ciadanoticia.com.br