Gerson Marques
Mal assessorado ou mal intencionado, sabe-se lá, o coronel, deputado Gilberto Santana, inventou um factoide certo de que isso pode render votos ao seu projeto de prefeito em Itabuna. A ideia mirabolante é tomar grande parte do território de Ilhéus estendendo a fronteira para logo depois da UESC (sentido Itabuna/Ilhéus), da noite para o dia seria de Itabuna não somente os dois hipermercados, como também a CEPLAC, UESC, Salobrinho, seus habitantes, bichos, rios e florestas.
De tão hilário, pode-se até imaginar uma reunião do deputado com sua assessoria como em uma cena do famoso desenho animado dos anos noventa “Pink e Cérebro”, em que um dos personagens fricciona as mãos e diz: “Qual a ideia genial para dominarmos o mundo hoje chefe?”, no que o chefe dana a apresentar suas ideias mirabolantes que nunca dão certo.
O Coronel Deputado faz parte de uma comissão da Assembleia Legislativa do Estado encarregada de resolver exatamente problemas de litígios territoriais entre as cidades baianas, ao inventar esse factoide mirabolante ele abre mão da condição de juiz e torna-se parte, o que o descredencia completamente para permanecer na comissão. Nesse caso, paira sob o deputado uma suspeição, ele já tomou lado antes de concluir os trabalhos.
Não seria necessário lembrar que o Coronel Deputado tem uma longa história de serviços prestados às causas do autoritarismo e da ditadura, essa lembrança me veio à memória quando ouvi a sua entrevista no programa de Gil Gomes, o estilo trator que brinda jornalistas e oponentes com a grossura habitualmente dispensada ao tratamento da tropa, transparece um homem autoritário e grosseiro. Os novos tempos de democracia e diálogo deixam o Coronel assim como um peixe fora d’água.
Como uma lembrança puxa outra… Vamos a um acontecimento que ilustra bem a concepção de democracia do coronel, quando em dois mil, protagonizou uma das páginas mais tristes da história recente, comandando o massacre a milhares de índios em Porto Seguro exatamente durante as festas dos quinhentos anos do descobrimento do Brasil. A repercussão negativa internacional foi avassaladora para a imagem do Brasil. O Coronel entrou para história como algoz.
De tão esdrúxula a ideia de tomar de Ilhéus o que a Ilhéus pertence, a tese não tem o menor apoio nem mesmos entre os itabunenses, as pessoas de bem e a sociedade regional repudiam qualquer coisa que signifique usurpar a propriedade alheia. Creio inclusive que essa é a formação do deputado, reconhecidamente um homem honesto (apesar de autoritário), afinal, quando ainda coronel prendeu inúmeros meliantes na condição de usurpadores do alheio.
Todavia, quero deixar claro que se por um acaso inaceitável, repito: inaceitável, a população do Salobrinho for consultada a optar, não tenho a menor dúvida, senhor Coronel, a opção será francamente majoritária a Ilhéus, afinal quem nasce ou vira ilheense não troca isso aqui por nada.
A psicologia explica fácil sua “Síndrome de Napoleão”, é sequela de uma  “invejite aguda”, afinal viver em Ilhéus e poder ser um ilheense é opção somente para escolhidos, o Coronel deu azar de não nascer em Ilhéus, e nem a vida lhe proporcionou a oportunidade de aqui viver ou trabalhar.
Para acabar com a conversa, senhor Coronel, quero te dizer uma coisa de homem para homem: para nós ilheenses não existem fronteiras, é o contrário, Itabuna que nos pertence, Itabuna está em nossos corações, é filha de nosso solo, é gente de nossa gente, é sangue do nosso sangue.
Itabuna e Ilhéus serão em breve uma grande metropóli,  cidades conurbadas, o mesmo povo o mesmo destino e isso não tem Coronel valentão que acabe. No demais, é coisa de político iniciante, logo, logo a ficha cai e a vida segue.
Como diria meu amigo Pedro Matos: “As fronteiras só existem nas cabeças dos egoístas”.