terça-feira, 19 de abril de 2011



Entrevista com Aristéa Gonzaga

PUBLICADO POR TAHAN MACHADO
No município de Itajuípe, quando o assunto é teatro, não podemos deixar de lembrar de Aristéa Gonzaga, uma entusiasta que segurou a tradição das artes dramáticas em nosso município, fortalecendo  a cultura, sempre trabalhando a socialização e a educação na comunidade. Assim o Grupo C.A.E.S. entrevistou essa personalidade para conhecermos um pouco mais do universo dessa maravilhosa pessoa.
  
1) Grupo CAES -Conte um pouco de sua história na infância e o que lhe levou a gostar de arte e cultura
Aristéa Gonzaga – A minha infância foi muito interessante no que diz respeito à criatividade. Eu gostava de brincar com sucatas, imaginava cada objeto que eu pudesse criar, trocava um brinquedo industrializado por peças que eu pudesse modificar, transformando-a em algo que fizesse parte do meu cenário, onde ali eu vivesse diversos personagens.  Sinto que aquele sentimento vinha da minha alma… Era uma necessidade de vivenciar diversas situações.
Tive uma fase de fazer monólogos, êta que o espelho teve que me suportar por algum tempo…
Acredito que a minha família contribuiu muito por meu interesse em arte. Um dos meus irmãos criava situações onde atraia amigos e visinhos nas apresentações artísticas que ele mesmo promovia; meu pai estudava a Arte Em Fazer Mágicas, minha mãe contava-me histórias curiosas,  a minha irmã brincava de encenar junto comigo, enfim fui cercada pela arte.
2) Grupo CAES - Quando e como foi o seu contato com a arte dramática?
Aristéa Gonzaga – Como falei anteriormente o meu contato com a arte foi exatamente em casa e se estendendo ao ano de 1984 no  Grupo de Teatro Sede do Peixe, época em que  me  encontrei com pessoas maravilhosas que me ajudaram muito no meu desenvolvimento artístico. Posso citar o nome da nossa diretora de teatro: Rita Alves que muito contribuiu para o meu  crescimento  na Arte Dramática, como também Leninha Pitta , UESC e várias Oficinas de  Teatro  promovidas pela Fundação Cultural   do Estado da Bahia  e Prefeitura de  Itajuípe.
3) Grupo CAES - Como foi o seu contato com a música? Nos conte um pouco dessa história musical
Aristéa Gonzaga – Na minha casa, lugar onde se reunia jovens mais chegados à nossa família, ou melhor, afinados com os meus dois irmãos: Gildásio e Vitoriano (Vitor), que tocavam violão e cantavam, ambos iniciantes à MPB(Música Popular Brasileira),tínhamos momentos  descontraídos, cantando em grupo, época muito boa. Cantei, acompanhada do meu irmão Vitor em feiras de Arte, depois com Wilson Gonzaga (Irmão caçula), fazendo  encontros  em alguns locais aqui em  Itajuípe e  participando de alguns Festivais de Música  em cidades  da  circunvizinhas.
4) Grupo CAES O que significa Teatro em sua vida?
Aristéa Gonzaga – Na minha vida o Teatro é de fundamental importância, posso até falar:_ A minha válvula de escape… Quando sinto que algo não vai bem, procuro através do senso de humor, trabalhar as forças contrárias. O humor na arte dramática é o que me atrai… Sinto vontade de um dia me realizar, fazendo muitas pessoas dobrarem suas gargalhadas com um personagem interpretado por mim, acho que será o meu grande desafio.
5) Grupo CAES -Quem são suas principais referências de Artistas?
Aristéa Gonzaga – Ah, existem muitos, mas dentre eles posso citar: Marieta Severo, Regina Duarte, Valmor Chagas, Tony Ramos, Glória Pires, Vladmir Brictha, Glória Menezes, Gal Costa, Elba Ramalho …
6) Grupo CAES -Quais os principais trabalhos que já desenvolveu?
Aristéa Gonzaga – A Dança do Cacau (Um trabalho idealizado pelo Grupo Chapéu de Palha em 1983), onde retratamos a vida do trabalhador rural em forma de passos coreográficos e encenando o personagem  desde o plantio até o ensacamento do produto; A Coelhinha Confeiteira (texto de Stella  Leonardos, dirigido  pela diretora Rita Alves); Boi Foguete (Texto coletivo do curso de Arte na Educação do Departamento de Letras da UESC, ministrado pela Professora Leninha Pitta; A Lagoa Encantada da Floresta Cinzenta (Texto de Ana Lúcia Rosário); Cálidos Desejos num Combóio Longínquo (Peça Teatral apresentada na 1ª Mostra de Teatro Amador do Sul da Bahia em Ilhéus,  dirigida por Rita Alves);Diálogos de Bonecos (dirigida por Rita Viríssimo); Pirangi, eu já ouvi essa história (Resultado da Oficina de Teatro realizada pela Fundação Cultural do Estado da Bahia/Prefeitura Municipal de Itajuípe, Secretaria de Educação, Departamento de Cultura, dirigida pelo Diretor e ator Raimundo Alves(Ray Alves)
7) Grupo CAES -Como se dá a contação de história na sua vida?
Aristéa Gonzaga – Ouvi muitas histórias, quando criança. Lá em casa tínhamos sempre (de preferência à noite), momentos de ouvirmos casos passados, anedotas, lendas… Sempre  contadas pelo meu pai e minha mãe e às vezes na esteira do visinho em noites de lua cheia… Cresci assim.
Com o passar dos anos, chegamos à era da  nova tecnologia, onde todos perceberam a olho nu, que  a nossa cultura  andou se perdendo diante da nova cultura digital. Já não víamos crianças brincando de roda, ouvindo histórias. Até suas vestimentas sofreu influência, nesta mudança tão acelerada. “Alguém pensou em “RESGATE” e se mobilizou e atraiu pessoas ao movimento, que vem dando certo.” O que foi plantado por nossos ancestrais não pode se perder “e a contação de histórias é de fundamental importância para a nossa vida; Trabalhar a memória será sempre uma atividade especial.
A educação vem contribuindo de forma ativa para a concretização do projeto, voluntários da nossa sociedade a cada dia, lançam-se a esta tão justa causa. E eu que já vinha caminhando com afinidade e ao mesmo tempo, praticando (sempre que podia), cruzei com pessoas na mesma sintonia , que foi  a equipe de trabalho  do  PROLER (Programa de Incentivo à Leitura) do  Departamento de Letras da  Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), fazendo parceria  com  a Prefeitura Municipal de Itajuípe, Secretaria de Educação, Departamento de  Cultura.
Participando da Oficina, pude somar os meus conhecimentos,  melhorando as minhas habilidades e hoje sou uma contadora de histórias com muito prazer…
8 ) Grupo CAES - O que espera ver num futuro para nosso mundo?
Aristéa Gonzaga – Espero estar contribuindo para um mundo de paz, acho que o conflito foi necessário até certo tempo.  Hoje nos encontramos em outra fase, onde  a guerra em nada resultará.
Acredito que o artista carrega consigo um forte poder, capaz de influenciar de forma negativa ou positiva o caráter do povo. Sendo assim, gostaria que nós artistas nos preocupássemos com o sentimento dos nossos apreciadores de forma que toquemos através da nossa arte, a sensibilidade delas, seja na literatura, na dança, no teatro, no digital, na música, enfim em todas as linguagens artísticas existentes. Dessa forma, haverá uma sólida ligação entre artista e seus admiradores.
A arte tem um papel importante em relação ao ser humano, que a elevação do caráter. A criança que logo cedo ingressa em atividades artísticas, bem orientada, dificilmente  degradará   a sua personalidade. Como já disse, a arte forma o cidadão.
Desejo ver as nossas crianças num futuro próspero de verdadeira harmonia, contemplando o belo em todas as camadas sociais.
Gostaria de deixar uma frase bastante importante de uma pessoa muito especial:
“Um pensamento imperfeito, um sentimento sem verdade humana, sem valor dramático, não deve no Teatro, ser honrado pela palavra.” Shakespeare
  
  

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